O Banco Central (BC) estuda a adoção de medidas para modernizar o mercado de câmbio, o que vem acontecendo desde 2005, mas que haviam sido interrompidos no período de crise. A afirmação foi feita nessa quinta-feira pelo presidente do BC, Henrique Meireles, após participar, em São Paulo, do congresso da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Segundo Meireles, a estrutura legislativa que rege o mercado de câmbio brasileiro foi construída visando a restringir a saída de moeda e favorecer a entrada de moeda estrangeira, em uma época que o Brasil tinha carência de dólar.
"Hoje, a situação é diferente. E, portanto, medidas de maior flexibilização do mercado de câmbio têm sido tomadas, nos últimos anos, como a eliminação da cobertura cambial das importações, por exemplo. Durante a crise, nós interrompemos isso (as medidas), por motivos óbvios. Agora, estamos retomando esses estudos", disse.
Meirelles afirmou, no entanto, que não há previsão para que as novas ações sejam colocadas em prática. "No momento em que chegarmos às conclusões, certamente teremos que levá-las ao Conselho Monetário Nacional e, caso se conclua que alguma medida é adequada, será tomada", acrescentou.
No congresso, ao discursar para uma plateia de cerca de 300 pessoas, Meirelles traçou um cenário otimista para a evolução da economia em 2010. Ele afirmou que a perspectiva da economia é ser forte e robusta, avançando com fundamentos sólidos, e observou que as projeções do mercado financeiro para o PIB em 2010 são de um crescimento de 4,8%. "Mas não me surpreenderia se essa projeção fosse alterada para 5%", disse. Ele disse que, para 2009, a projeção do BC é de um crescimento do PIB de 0,8%, superior à expectativa do mercado financeiro.
Meirelles foi questionado principalmente sobre as perspectivas para a evolução do emprego nos próximos meses e disse que as perspectivas para o mercado de trabalho também são favoráveis. Segundo ele, o cenário mais provável é de que o emprego comece a crescer devagar, e advertiu que há incertezas e riscos pela frente, mas que o Brasil tem condições de enfrentar esses desafios porque tem mercado forte, renda preservada e investimentos sendo retomados.
Ele afirmou que a taxa de desemprego no Brasil caiu em setembro de 2009 para 7,7%, mesmo patamar observado em setembro de 2008, mês que marcou o início da crise financeira internacional. "O desemprego vem em trajetória favorável", afirmou.
O presidente do BC também ressaltou que a massa salarial ampliada, que inclui além da renda dos trabalhadores os benefícios sociais e previdenciários, cresceu 5,3% em setembro.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ