No Reino Unido, consórcio de indústrias quer mudar expressão “consumir até”, presente nas embalagens, para mostrar que produtos podem ser consumidos depois da data
Atualmente, cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados ao longo da cadeia de distribuição e do consumo doméstico e em restaurantes. Medidas para diminuir esse índice vêm sendo tomadas em todas as partes – inclusive nas embalagens dos produtos. No Reino Unido, um consórcio de indústrias vem atuando para mudar a expressão usada para indicar a validade dos produtos – e mudar a mentalidade dos consumidores.
A campanha “Look, Smell, Taste. Don’t Waste”, lançada recentemente pela Too Good to Go, quer encorajar os consumidores a não se basear apenas na data de validade dos produtos. Em vez disso, cheirar, sentir e provar os alimentos e mantê-los caso eles ainda estejam com boa qualidade. A campanha tem o suporte de mais de 40 empresas, entre elas gigantes da indústria, como Danone, Nestlé e PepsiCo, e o apoio de varejistas como a rede de supermercados Morrisons, que anunciou no mês passado que não colocará mais datas de validade nas garrafas de leite fresco.
Mas a questão da validade dos produtos vai além – e pode parecer puramente semântica. A ideia é abandonar a expressão “use by” (“consumir até”) e passar a adotar “best before” (“melhor antes de”), para eliminar a ideia de que um produto na data de validade ou após essa data está irremediavelmente estragado.
Uma pesquisa realizada pela Too Good to Go mostra que 64% dos britânicos adultos entendem que datas “best before” indicam que os produtos não estão em sua melhor qualidade depois da data apresentada, mas apenas 52% acreditam que os produtos são 100% seguros para comer depois do “best before”. Como resultado, em média os consumidores jogam fora o equivalente a £303 (R$ 2.123,00) por ano em alimentos que ainda poderiam ser utilizados.
Para a Too Good to Go, a melhor forma de determinar a correta data “best before” é a partir de coletados pela agência alimentar do Reino Unido (UK Food Standards Agency), para que haja uma análise responsável do risco microbiológico associado a alimentos fora da validade.
Na avaliação do microbiologista Phil Voysey, uma abordagem colaborativa entre indústria, varejo e governo, baseada em dados sólidos, tem o potencial de acelerar a mudança de mentalidade no setor. “Com isso, poderemos avançar mais rapidamente na redução do desperdício de alimentos”, acredita.
Redação SuperHiper