Na contramão de alguns indicadores que preveem pressão inflacionária e desaceleração de 0,8% nas vendas no varejo em janeiro, o empresariado brasileiro se mostra animado com o cenário econômico que se desenha para o País neste ano. Para Abílio Diniz, presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar, considerada como a maior rede do varejo brasileiro, a decisão do governo de priorizar o consumo interno às exportações foi acertada.
Segundo o empresário, o cenário apresentado na economia brasileira é para se comemorar. "Nas reuniões com investidores estrangeiros, sinto alegria em ser brasileiro, porque o Brasil vive um momento sensacional", disse ele, ontem, durante o Seminário "Brasil Preparado para Crescer", do Grupo Lide, em São Paulo.
Na mesma linha do pensamento de Diniz, estão 74% dos empresários que acreditam em melhoras nos negócios na comparação entre 2010 e o ano passado, segundo pesquisa divulgada pelo Lide, grupo de líderes empresariais, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que o empresariado está mais otimistas com o cenário econômico do País. O estudo mostra que 70% dos empresários vão fazer contratações em 2010 e, 4% indicam que podem demitir.
Para 74% dos entrevistados, o a alta carga tributária é a principal queixa. O Lide reúne 750 empresários, que respondem por 44% da produção e consumo do país.
De acordo com o presidente do Lide, João Dória Jr, o objetivo do grupo de empresários é que a os projetos voltados ao País - agenda do Governo -, contemplem mais objetivos econômicos e menos políticos. "É importante prosseguir os investimentos em educação, promover a reforma tributária, a reforma política, aumentar a eficiência do setor público e eliminar a corrupção."
Indicadores
Ontem, o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio apontou que a atividade do comércio começou 2010 em queda no País, após uma sequência de 13 variações mensais positivas. A queda, no entanto, deve ser analisada com critério, pois compara o movimento nacional do varejo entre o mês de janeiro com dezembro, que havia apresentado recorde histórico de vendas. O recuo foi de apenas 0,8% em janeiro, ante dezembro. O resultado foi influenciado pela queda de 0,5% na comercialização de Combustíveis e Lubrificantes, provocada pela elevação do preço do etanol.
Foi o segundo mês consecutivo de declínio na atividade deste setor do comércio. Em dezembro, o recuo foi de 1,8%. Entre as variações positivas, o destaque ficou com material de Construção e de Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas, com alta de 4,9% e 2,6%, respectivamente, em janeiro ante dezembro.
Na comparação anual, janeiro de 2010 registrou alta de 10,2% em relação ao mesmo período de 2009, liderado pelo crescimento anual de 20,8% do setor de Veículos, Motos e Peças, de 20,5% do segmento de Móveis, Eletroeletrônicos e Informática e de 18,0% do movimento do setor de Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios. Ainda na comparação anual, o segmento de Material de Construção registrou avanço de 10,0%. Foi a primeira alta desde dezembro de 2008.
O Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE) começou o ano em queda: 4,7% em janeiro, 104,8 pontos contra os 110 pontos em dezembro, disse a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio -SP), em parceria com a Ordem dos Economistas do Brasil. Apesar da variação negativa, o ISE é patamar otimista (+100 pontos).
Veículo: DCI