No mundo, estima-se que comércio desses produtos movimente dezenas de bilhões de dólares.
Os produtos orgânicos estão ganhando mais espaço nas prateleiras dos supermercados. O negócio ainda é pequeno perto do total do faturamento, mas grandes redes como Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar têm apostado neste filão para aumentar suas vendas e conseguir novos clientes.
No mundo, acredita-se que o comércio de orgânicos gire em torno das dezenas de bilhões de dólares. O país mais desenvolvido neste sentido é a Alemanha, onde 40% dos alimentos consumidos são orgânicos. No Brasil, segundo a gerente de orgânicos do grupo Pão de Açúcar, Sandra Caires Sabóia, esses itens respondem por um mercado de apenas US$ 250 milhões.
"Estamos crescendo a passos largos, mas o consumidor final ainda não vai diretamente para esse produto", comenta Sandra. Segundo ela, o trabalho tem sido "árduo", pois ainda são poucos os produtos disponíveis. "Enquanto a Alemanha já tem todo o tipo de alimento, queijos de vários sabores, aqui a gente pena para ter o básico". Uma parte considerável do que é consumido de orgânicos no país é importada.
No ano passado, a venda de orgânicos do Pão de Açúcar aumentou 45%, acima das expectativas. A meta de faturar R$ 57 milhões, a princípio marcada para ser alcançada em 2012, foi batida já em 2009. Para este ano, eles esperam um crescimento de, pelo menos, 40%.
De qualquer forma, o montante é irrisório no total dos negócios do grupo. Mesmo em hortifruti, que é o ponto alto, equivale a somente 2,5% do total das vendas. Na mercearia, é menos de 0,5%. Uma parte das vendas é da marca própria no segmento, a Taeq.
O Carrefour vem registrando um crescimento de 25% na venda de orgânicos nos últimos anos. Atualmente estão disponíveis mais de 200 itens com essa certificação nas prateleiras do grupo.
"A distribuição de produtos é feita em todas as lojas, inclusive no Carrefour Bairro, que é mais popular", conta Fernando Augusto Del Grossi, gerente de inovação do Carrefour.
Um dos maiores entraves ao crescimento do consumo de orgânicos sempre esteve relacionado ao fato de que, por definição, eles não têm como ser produzidos em escala que se possa chamar de "industrial". Com isso, o preço acaba sendo bem mais caro que o de alimentos não orgânicos. Entretanto essa diferença vem diminuindo.
Fernando Augusto diz que, há cinco anos, os produtos orgânicos chegavam a ser 50% mais caros; hoje a diferença está na faixa dos 30%. Sandra Caires relata que, na Europa e nos Estados Unidos, esse porcentual já pode chegar a apenas 20%, mas ele "aumenta para produtos de maior valor agregado".
No Brasil, ela destaca que há uma grande diferença por produtos. Enquanto nas verduras, a distância está em torno de 30%; nos legumes, dependendo da safra, pode alcançar os 50%.
Ainda que no país 90 mil estabelecimentos declarem que praticam a cultura orgânica, os supermercados relatam ainda dificuldade em suprir toda a demanda por variedade nos produtos. Hoje já existem carnes, molhos e massas do segmento.
Segundo o grupo Pão de Açúcar, nesse cenário de pouca oferta, acaba sendo privilegiada a venda nas redes que atendem públicos de maior poder aquisitivo Mesmo assim, no caso da Compre Bem, com foco nas classes de menor renda, estão disponíveis cerca de 40 itens orgânicos.
No Walmart, que vende produtos orgânicos desde a sua chegada no país, em 1995, o gerente nacional de Hortifruti, Antonio Carlos Allegretti, diz que não observou o crescimento das vendas do segmento nas classes de menor renda, mas "com mais acesso à informação e com a diferença de preço cada vez menor, a tendência é que o consumo aumente".
Veículo: Diário do Comércio - MG