Walmart ainda quer ativos do Carrefour

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Varejo: Grupo americano mantém esperanças de comprar negócios no Brasil, mas possibilidade é pequena

 

  
O Walmart, a maior varejista do mundo, ainda alimenta esperanças de comprar as operações no Brasil do Carrefour, a segunda maior empresa global do setor. Fontes ouvidas pelo Valor afirmam que "passa pela cabeça" dos os acionistas do Carrefour vender os ativos no Brasil. No entanto, as mesmas fontes também acreditam ser pequena a possibilidade de que os franceses fechem negócio. O preço que os sócios do Carrefour têm em mente é bastante elevado, sugere uma fonte, e o Walmart é considerado um duro negociador - uma primeira oferta feita pelos americanos no ano passado foi rejeitada pelos franceses.

 

A imprensa internacional estimou que as operações do Carrefour na América Latina poderiam valer algo entre € 3 bilhões e € 5 bilhões. Em 2009, o grupo faturou na região € 13,4 bilhões. Portanto, os valores estimados representariam entre 20% e 40% das vendas brutas. Mas já saíram aquisições no Brasil por múltiplos superiores a esses.

 
 
Desde agosto de 2009, quando os jornais de Paris revelaram pela primeira vez que os acionistas do Carrefour pretendiam vender as operações no Brasil e na China, a multinacional francesa já negou várias vezes a informação. Sempre que o assunto vem à tona, há um desgaste e stress à administração do grupo no Brasil, que suspeita que seus concorrentes se beneficiem dessa situação. Há poucos dias, Lars Olofsson, presidente-executivo do Carrefour, voltou a dizer que a empresa vai investir no Brasil e na China e que vê esses países como mercados prioritários.

 

O Carrefour anunciou um investimento de R$ 2,5 bilhões no Brasil em 2010 e 2011. O Walmart vai investir cerca de R$ 2 bilhões neste ano, quando pretende abrir até 110 lojas. O Grupo Pão de Açúcar divulgou um orçamento de R$ 5 bilhões entre 2010 e 2012.

 

Ao que tudo indica, o Walmart parece ter, por enquanto, mais interesse em comprar os ativos do Carrefour no mercado brasileiro do que o Carrefour teria interesse em vendê-los. A competição na América Latina, contudo, tem se tornado cada vez mais difícil para o Carrefour. O forte avanço do Walmart nos últimos cinco anos fragilizou a posição da multinacional francesa, que já saiu do Chile e do México. Hoje, além do Brasil, o Carrefour só possui operações na Argentina e Colômbia, mas que são bem menores que as brasileiras. Em 2009, o faturamento da varejista francesa na Argentina foi de € 2,7 bilhões e, na Colômbia, de € 1,3 bilhão. No Brasil, as vendas totalizaram € 9,3 bilhões.

 

Enquanto o Carrefour reduziu sua presença na América Latina , o Walmart se expandiu a passos largos na região. A multinacional americana, que já é líder no México e também possui uma forte presença nos países da América Central, comprou há um ano a maior varejista do Chile, a D&S. No Brasil, o Walmart também tem feito pesados investimentos. E isso obriga os concorrentes a despejar somas semelhantes no país para não perder participação de mercado.

 

A possibilidade de o Carrefour sair do Brasil causou surpresa no mercado. Alguns consultores avaliariam que seria um "erro" estratégico deixar o país nesse momento já que, na Europa, o consumo está estagnado. Uma fonte consultada pelo Valor, contudo, discorda. A venda dos ativos no Brasil não seria nenhuma "catástrofe" para o Carrefour porque ainda é na Europa que a varejista obtém grande parte dos seus resultados. O mercado europeu responde por 80% do lucro operacional (lajida ou lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). Como o Carrefour passa por uma reestruturação, é natural que a empresa busque se concentrar neste momento no mercado que é, de fato, importante e essencial: o europeu.

 

O próprio Walmart não enfrenta o Carrefour na Europa. A varejista americana saiu da Alemanha e só está presente no Reino Unido.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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