A Pfizer, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo, estuda produzir genéricos de seus próprios medicamentos, cujas patentes estão para vencer. O principal carro-chefe da companhia, o Lipitor (combate colesterol elevado) perde a patente no fim do ano. É o remédio mais vendido do mundo e movimenta US$ 13 bilhões por ano. O Viagra, a famosa pílula azul, que combate a impotência sexual, perderá a patente em 2011.
Em entrevista ao Valor, Gustavo Petito, diretor de planejamento de negócios da Pfizer, evita dar detalhes sobre os planos da empresa em relação à sua possível entrada no segmento de medicamentos genéricos, mas confirma que o assunto está em discussão. "Não é uma estratégia da empresa, mas a companhia estuda essa possibilidade", afirmou. "A perda de patente faz parte do ciclo da vida de um produto e faz parte da vida de uma companhia. A Pfizer trabalha para ter sempre novos lançamentos de inovação", afirma o executivo da Pfizer.
"O Lipitor e o Viagra são considerados dois grandes 'blockbusters' [campeões de venda] mundiais. Assim que perderem a patente, várias companhias vão comercializar seus genéricos no mercado. Faz todo o sentido a Pfizer fazer o mesmo", afirmou uma fonte do setor.
O laboratório faz parte de um grupo de empresas farmacêuticas globais que mais investem em inovação. A compra da Wyeth no ano passado - por US$ 68 bilhões - reforça a posição da empresa nesse sentido. Com essa aquisição, a múlti americana aumentou seu portfólio e passou a atuar em vacinas, produtos biológicos, oncologia, inflamação/imunologia.
Em 2008, a empresa investiu quase US$ 8 bilhões em inovação (os números de 2009 não foram divulgados). O laboratório detém agora 600 projetos de pesquisa, dos quais 458 em fase de descoberta, 56 em fase 1 de pesquisa clínica, 47 na fase 2, 32 na fase 3 e sete em processo regulatório. Ao desenvolver um medicamento, os laboratórios submetem o produto a fases de experimentos. A primeira etapa reflete testes em animais. Na segunda, os testes são feitos em humanos, mas em número restrito. Na terceira etapa, o produto é submetido a um número maior de pessoas. Todos os testes são realizados em pacientes doentes.
Com a aquisição da Wyeth, a empresa americana também retoma o mercado de OTC ("over the counter", ou depois do balcão). A empresa tinha deixado esse segmento em 2006.
Os planos do grupo para o Brasil são ambiciosos. "O país é uma das prioridades da Pfizer. A matriz elencou sete mercados para dar maior atenção em 2010. Além dos países do Bric [Brasil, Rússia, Índia e China], vão merecer atenção México, Turquia e Coreia do Sul", afirmou Petito.
O executivo da maior companhia americana também evita abrir a estratégia de expansão da companhia no país. Segundo ele, a empresa estuda oportunidades de negócios no Brasil. O Valor apurou que a Pfizer estuda a compra de um laboratório no país. No ano passado, a empresa disputou a compra da Neo Química, que foi adquirida pela Hypermarcas. Fontes do setor afirmaram que o laboratório Teuto estaria na mira da multinacional. Petito não comenta o assunto.
Nos próximos dias, a companhia deverá anunciar sua nova estrutura no Brasil, já com a incorporação da Wyeth. Com a recente aquisição, o grupo terá no país cerca de 130 medicamentos de prescrição e isentos de prescrição na linha de saúde humana. A linha de saúde animal será composta por 179 produtos. A empresa possui no país três fábricas, todas instaladas no Estado de São Paulo.
Com faturamento global (dados preliminares de 2009) de US$ 71 bilhões (incluindo a Wyeth), a receita da companhia no Brasil está estimada em cerca de R$ 3,3 bilhões no ano passado. A multinacional também estuda a possibilidade de trazer para o país complexos vitamínicos do portfólio da Wyeth.
No Brasil, a Pfizer possui 70 estudos clínicos em andamento, em 400 diferentes centros de pesquisa, envolvendo cerca de 10 mil pacientes.
Veículo: Valor Econômico