Feijão das águas tem perdas com excesso de chuva

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As chuvas que atingem as regiões Sul e Sudeste do Brasil desde o fim do ano passado já começaram a gerar perdas para os produtores de feijão, especialmente na colheita da primeira safra - plantada em outubro e colhida a partir de dezembro. Juntas, as duas regiões representam 60% da produção nacional, que na safra 2009/10 será de 3,64 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 


No Paraná - responsável por 20% da produção nacional -, a quebra na produção da primeira safra é estimada em 11% em relação ao previsto no início do plantio. A expectativa do Departamento de Economia Rural (Deral) do Estado é de que sejam colhidas 476,62 mil toneladas, em uma área de 321,13 mil hectares, dos quais 65% já foram colhidos. "A chuva atrapalhou muito a colheita, mas isso não foi suficiente para provocar uma reação dos preços", afirma Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo do Deral.

 
 

Mesmo com toda a chuva e as perdas já registradas, a produção da primeira safra de feijão no Paraná será, pelo menos, 13% superior à do mesmo período do ciclo 2008/09. Em seu relatório de janeiro, a Conab estimou um crescimento de 39,4% na oferta de feijão no Estado na chamada "safra das águas".

 


É por conta desse aumento de oferta que os preços ainda não reagiram, apesar das recentes perdas. Dados do Deral indicam que a saca de feijão preto no Paraná é negociada hoje em dia a R$ 57,30, valor 20% inferior à média registrada no ano passado. "Em 2009 tivemos uma seca que puxou os preços do feijão, mas agora, estamos vendo uma queda, mesmo diante das perdas recentes. O preço baixo vai desestimular o plantio da segunda safra", afirma Salvador.

 


A Conab ainda não atualizou sua estimativa para a "safra da seca" - plantada em fevereiro e colhida em abril -, mas o Deral prevê o cultivo de 206,98 mil hectares. O órgão estima que 25% dessa área já foi plantada e se o número se concretizar representará uma queda de 22% em comparação ao mesmo período de 2008/09. Com isso, a oferta prevista é de 347,72 mil toneladas, 4% menos que no ciclo anterior.

 


A situação do Paraná é muito semelhante à de São Paulo. O Estado é o quarto maior produtor do Brasil e, devido aos baixos preços pagos pelo feijão, a área plantada na segunda safra da cultura pode recuar mais que 50%. Na região de Itapeva, responsável por 60% da oferta do Estado, a expectativa é de uma área plantada de apenas 12 mil hectares no segundo ciclo.

 


"O produtor colheu a primeira safra debaixo de chuva, secou o feijão no armazém e armazenou, esperando preços melhores. Como esses preços caíram ainda mais não existe estímulo para o plantio da segunda safra", afirma Vandir Daniel da Silva, assessor de planejamento da Secretaria de Agricultura em Itapeva.

 


Na prática, os prejuízos causados pela chuva no feijão de primeira safra, tanto em São Paulo quanto no Paraná, deverão ter efeitos sobre os preços apenas a partir de abril. A expectativa é que o mercado passe a reagir quando for confirmada uma oferta menor na segunda safra, que começa a ser colhida a partir do segundo trimestre do ano.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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