Com o interesse de grandes players do varejo como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e também de redes médias como a Cooperativa de Consumo (Coop) pelo setor de drogarias, as principais empresas do segmento já prometem investimentos em abertura e reforma de lojas, para garantir crescimento e acirrar ainda mais a disputa pelas vendas no setor no País. De janeiro a outubro de 2009, a área de drogarias já movimentou cerca de R$ 15 bilhões em vendas.
Para Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), os investimentos dos supermercadistas para ganhar espaço não é algo temeroso, pois a participação das lojas de bandeira dos supermercados ainda é pequena. "Eles ainda faturam cinco vezes menos do que os nossos associados" conta o executivo. Porém, Barreto adverte: "eles são concorrentes como qualquer outro".
Para garantir uma fatia do crescimento do comércio de medicamentos, o Banco BTG Pactual comprou, no fim de 2009, os ativos da Farmais, rede com mais de 450 franquias no Brasil. Procurada pela reportagem, a empresa informou que passa por um momento de reestruturação, após a aquisição, e que "se pronunciará no momento adequado". A rede Farmais deve inaugurar neste ano cerca de 200 unidades, já no novo formato.
Durante a divulgação dos planos de investimento do Grupo Pão de Açúcar para os próximos três anos, o vice-presidente operações sênior da empresa, Enéas Pestana disse que o grupo pretende abrir drogarias com a marca Extra, por causa da similaridade entre os negócios da rede. "A vantagem que nós temos é que a gente está em quase tudo. O setor de supermercados/hipermercados tem quase tudo", disse o executivo. Na Coop, a previsão é que sejam abertas duas drogarias de rua e mais seis junto com as futuras lojas de supermercados da empresa, diz o vice-presidente da rede, Márcio Blano. "Hoje, as farmácias já correspondem a 12% do nosso faturamento."
Para Deusmar Queirós, presidente da Pague Menos, as investidas de grandes varejistas para abocanhar parte do crescimento do setor não assusta. "O modelo americano mostra que dá para viver muito bem com os supermercados. Lá, as farmácias convivem com o Walmart que é gigante no varejo, mas elas têm seu espaço", conta o executivo, que recentemente esteve nos Estados Unidos para conhecer o modelo de negócios das farmácias americanas.
Bolsa
Para driblar a concorrência e ganhar fôlego para chegar à Bolsa de Valores em 2012, a estratégia da Pague Menos é investir na abertura de lojas e chegar ao fim deste ano com R$ 2,3 bilhões de faturamento. "Ano passado faturamos R$ 1,9 bilhão. Neste ano vamos crescer ao menos 20%", disse Queirós. Em entrevista ao DCI, o executivo afirma que a rede vai abrir 50 novas unidades na Região Sudeste, custeadas por um aporte de R$ 50 milhões - caixa próprio. "Hoje, a nossa operação é maior no nordeste. Queremos ampliar no sudeste também."
De acordo com o presidente da Pague Menos, o objetivo da empresa é chegar em 2012 com faturamento de R$ 3 bilhões e 440 lojas para abrir capital na Bolsa de Valores. "Acho que é ponto ideal para ir à Bolsa", conta o executivo.
Segundo Deusmar, estão descartadas fusões, aquisições ou venda de ativos. "De jeito nenhum. Nosso crescimento será orgânico". Sobre a venda de itens alimentícios em drogarias, o presidente da Pague Menos diz estar confiante em uma reversão da norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe a venda de não-medicamentos em farmácias - estes itens correspondem a 5% do faturamento da empresa. "Temos uma liminar para continuar com as vendas", declarou ele.
Na concorrente Drogão, rede que deve abrir cinco novas unidades e crescer próximo aos 12% registrados em 2009, a previsão é que as investidas dos supermercados aumentem ainda mais a disputa pelo consumidor, segundo Nelson da Paula, gerente de Marketing da rede. "Os supermercados entrarem em drogarias não é novidade, mas acho que será difícil para eles atenderem igual às redes do setor", diz. Para competir neste cenário, o gerente aposta no atendimento diferenciado e na diversificação de canais de vendas, como: comércio eletrônico e nas entregas.
Inauguração
A rede Farmais pretende inovar no estilo dos pontos-de-venda com a inauguração de uma nova unidade na zona sul de São Paulo. A loja será o modelo do novo conceito de sustentabilidade e saúde da rede, a partir deste ano. O layout economiza energia elétrica por causa do melhor uso da luz natural e adota materiais próprios para ambientes que trabalham com a saúde, como o piso antibactericida e um tratamento especial para as superfícies de móveis e paredes.
As redes de drogarias já se movimentam para barrar o avanço das grandes varejistas no setor e prometem abertura e reforma de lojas neste ano. A Pague Menos pretende investir mais de R$ 50 milhões em 2010.
Veículo: DCI