Economistas preveem preços mais altos para o Dia das Mães

Leia em 4min

Tudo indica que os presentes do Dia das Mães vão ficar mais caros este ano, por causa da pressão inflacionária acarretada pelo aumento dos gastos do governo e devido à possível alta da taxa básica de juros que deve acontecer no próximo mês, afirmam economistas ouvidos pelo DCI. Apesar disso, a expectativa do comércio é de que a data traga crescimento superior a 10% nas vendas em 2010, e de que nas grandes redes a concorrência deve segurar, em parte, o repasse do custo dos produtos ao consumidor final.

 

É o que afirma o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Marcel Solimeo. "O varejo é extremamente competitivo, e com o aumento de demanda pode até haver alguma alta nos preços. No entanto, a disputa entre as grandes redes é muito grande, e assim, mesmo que haja um percentual pequeno de aumento, ele não será sentido pelo consumidor e as vendas continuarão em alta durante todo o ano", afirma. "Nesse caso elas tendem a não repassar totalmente ao consumidor uma possível alta. A concorrência amortece isso", conclui o economista.

 

De acordo com Solimeo, o varejo tem-se antecipado à possibilidade de alta da taxa básica de juros nos próximos meses, para suavizar o impacto das negociações com os fornecedores e com os clientes. "Não vejo prejuízo nas vendas, porque na prática o mercado já se antecipou [à alta]". Outro motivo de manutenção dos níveis de consumo, diz o especialista, é a questão política: "Se houver alta nos preços, ela pode reduzir o consumo, mas como este ano é eleitoral acho que o governo deve ter muita cautela com isso".

 

Para o economista da Associação Comercial, o comércio deve fechar o ano com crescimento acima do do Produto Interno Bruto (PIB) e encerrar o ano 8% maior do que no ano passado, contra previsão de crescimento de 5% do PIB.

 

Outro que vê a possibilidade de alta dos preços no segundo trimestre é o professor Cláudio Felisoni de Ângelo, do Programa de Administração do Varejo (Provar), que enfatiza a importância do Dia das Mães para a receita das redes varejistas. "O Dia das Mães é a segunda melhor data do ano para o comércio inteiro. Mas este ano teremos uma situação mais difícil na hora de repor os estoques por causa da possibilidade de alta da Selic no próximo mês", diz o professor. Ele afirma: "Se [a Selic] subir, é capaz que os produtos fiquem mais caros, ou seja, vai ter alta dos preços até o Dia das Mães, se houver alta dos juros".

 

Mesmo com uma possível inflação no segundo trimestre, as vendas para a data não devem ser prejudicadas e tendem a crescer acima de 10% sobre as registradas no mesmo período de 2009, valor duas vezes maior do que a média do ano passado, quando as vendas tiveram alta de 5%. "Qualquer varejista sabe que não pode perder as vendas na data. Só no segmento de
eletroeletrônicos, a demanda corresponde a quase dois meses de vendas para as lojas."

 

Segundo o professor, a tendência é as lojas este ano fazerem promoções e descontos com o alinhamento dos dois principais geradores de venda do comércio no primeiro semestre: Copa do Mundo, com promoções verde-e-amarelo e descontos atraentes para compra de aparelhos de televisão para as mães. "Como este ano é atípico, existe uma razão dobrada para vender produtos com a associação das duas datas [Dia das Mães e Copa do Mundo]", conta Felisoni.

 

Preços

 

Em São Paulo, os preços dos eletrodomésticos tiveram alta de 0,54% em fevereiro, na comparação com janeiro, de acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) medido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio -SP), que em geral apresentou inflação de alta de 0,28% no mês passado. Em 2010, os preços já subiram 0,91% segundo o indicador. Em um ano, a variação foi de 1,79%.

 

Para a assessora econômica da Fecormércio, Júlia Ximenes, ainda é cedo para falar sobre inflação. A economista, porém, considera possível a hipótese de reajuste de preços nos próximos meses, devido à recomposição dos valores das mercadorias em alguns segmentos do comércio. "Considerando que essas datas são boas para comprar novidades, é capaz que a demanda aquecida da Copa tenha impacto nos preços, mas ainda é cedo para avaliar", conta.

 

Quanto à alta do valor de eletrodomésticos em fevereiro, Júlia acredita que aconteceu por causa da redução dos estoques, por causa das liquidações de janeiro e por revisão de preços.

 

Veículo: DCI


Veja também

PepsiCo reafirma meta de ganhos elevados em 2010

A PepsiCo reafirmou ontem estimativa para aumento dos ganhos em 2010, um dia depois de anunciar que reduzirá n&ia...

Veja mais
Carga expressa prevê crescer até 50%

Operadoras logísticas de entrega expressa preveem crescimento de até 50% este ano, puxados principalmente ...

Veja mais
Empresários têm a melhor expectativa de Páscoa em 4 anos

Os empresários parecem estar bem mais otimistas em relação aos negócios que serão fec...

Veja mais
Captação em queda faz preço do leite subir 6%

A entressafra antecipada fez o preço do leite pago ao produtor subir 6,34% em março em relaçã...

Veja mais
Natura lança Chronos customizado

Companhia oferecerá creme que combina idade e intensidade de sinais de envelhecimento   Se depender da Nat...

Veja mais
Os planos da Nivea para superar a Unilever e a J&J

Líder em cremes, alemã quer dominar mercados bilionários como o de desodorantes   Instalada ...

Veja mais
Varejo projeta aumento de 4,5% nas vendas da Páscoa neste ano

A maior parte dos empresários do varejo, 58% prevê faturar mais, de acordo com levantamento da Serasa Exper...

Veja mais
Tributação sobre itens pascais chega a 54%

O preço salgado de produtos sazonais como bacalhau e ovos de Páscoa, em grande parte se explica pela exces...

Veja mais
Entidade recomenda atenção nas compras

A Operação Chocolate realizada pelo Ipem-SP (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo), ...

Veja mais