Continua impasse entre os sócios Klein e Diniz

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Tudo indica que a discussão sobre a associação das Casas Bahia com o Grupo Pão de Açúcar será decidida em audiência, numa câmara de arbitragem. Durante todo o fim de semana os principais executivos das duas companhias - Abilio Diniz e Michel Klein - estiveram debruçados na mesa de negociação, na sede da Casas Bahia, em São Caetano do Sul, para buscar um acordo, porém as negociações não evoluíram. Além dos sócios, participaram da conversa, advogados e assessores financeiros de ambas as partes, para buscar um acordo sobre a revisão de termos do contrato uniu as empresas para formar a maior varejista de eletroeletrônicos sob o guarda-chuvas da Globex Utilidades, braço do GPA para venda de não-alimentos. A companhia teria capacidade para faturar R$ 40 bilhões neste ano.

 

As discussões entre os principais executivos das empresas - Diniz e Klein - se estendem por mais de dois meses, e se tornaram tensas na semana passada, quando a informação vazou para a imprensa, o que obrigou o líder do Pão de Açúcar a ir para a França para discutir a situação com os sócios majoritários da varejista francesa Casino. Segundo fontes do mercado o empresário voltou ao Brasil na noite de quinta-feira com carta branca para resolver o mal-estar com os Klein e disposto a ceder em alguns pontos.

 

Para tentar uma solução rápida, o time das Casas Bahia resolveu endurecer no diálogo e, para engrossar o caldo, e chamaram para a conversa o fundador da rede, Samuel Klein. Segundo pessoas próximas às negociações, o cabo de guerra entre as varejistas foi a sub-avaliação - em, pelo menos, R$ 2 bilhões- dos ativos da rede de eletrônicos e móveis e a constituição da governança da empresa, que previa cinco cadeiras para executivos do Pão de Açúcar e quatro para clã de Klein, fato que s tornaria voto vencido em qualquer decisão da empresa.

 

Outro ponto que incomodava Michel, Samuel e Raphael Klein era a questão do prazo estipulado para que eles pudessem vender sua parte na companhia -os sócios de Diniz queriam um prazo menor para se desfazerem de sua parte, e, pelo contrato teriam que aguardar 73 meses para isso. Depois do primeiro dia de negociação a Casas Bahia disse em comunicado que: "Continua empenhada em manter tratativas visando a preservação dos interesses de seus sócios e de seus mais de 56 mil colaboradores".

 

Para Waldemir Bulla sócio diretor da Protiviti Brasil, empresa especializada em governança corporativa, é comum em casos de fusão de redes concorrentes acontecerem rupturas no negócio por conta de divergências pessoais. O consultor citou como exemplo o caso da Autolatina, joint venture mal-sucedida entre Volkswagen e Ford, nos anos 1980. "Essa é uma questão complexa, porque, quem adquire pode decidir o que vai fazer com a empresa. Na fusão é diferente, pois tem o lado pessoal também."

 

O especialista em governança corporativa acredita que, pelo fato de as empresas levarem mais em conta a parte financeira, outros fatores podem atrapalhar a junção das companhias. No caso da união entre Grupo Pão de Açúcar e Casas Bahia, toda o processo foi definido em menos de três meses, o que impede uma análise mais aprofundada sobre temas como as culturas organizacionais das redes. "Juntar formas de gestão e de processos e geralmente leva as empresas a um choque cultural", explica ele, ao afirmar que o processo de fusão das duas varejistas fio decidido em um prazo curto. "Hoje as fusões estão muito focadas nas questões finais do negócio, por isso, deixam de lado os aspectos culturais das pessoas ligadas ao negócio."

 

Novos parceiros

 

Se der divórcio entre as varejistas, e a obrigação delas de enfrentar sozinhas a concorrência, a tendência é que, pelo menos, o grupo de Abilio avançe sobre outras redes de médio porte, como Magazine Luiza, Ricardo Eletro e Insinuante, por exemplo.

 

Porém, a empresa de Luiza Trajano já sinalizou que não vai ceder e entrar na holding da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), mas deve buscar outras alternativas, como incorporar empresas menores na Região Nordeste do País. A reportagem procurou a empresa, que por meio de sua assessoria informou que não está aberta para fusões ou para a venda, mas que pode, sim, incorporar uma rede menor. "Somos compradores e não vendedores; uma associação está descartada."

 

Sendas

 

Não é a primeira vez que a companhia de Abilio Diniz tem problemas com parceiros durante uma fusão. Em 2008, quando se uniu à supermercadista carioca Sendas, a rede também enfrentou uma disputa milionária com a família controladora da rede.

 

Na época, os donos do Sendas pediam que a Abilio, então dono de 42,57% da empresa, comprasse por R$ 700 milhões a participação de 42,57% da família Sendas na rede carioca. O caso foi levado a um tribunal de arbitragem da Fundação Getulio Vargas, do Rio de Janeiro, onde o pedido dos fundadores da companhia foi rejeitado pela arbitragem.

 

No contrato firmado pelas redes em 2004 estava previsto que a família Sendas poderia passar o resto de sua participação para o Pão de Açúcar em três etapas, até 2013; ou poderia antecipar a vender se o controle do Pão de Açúcar mudasse de mãos.

 

Em 2005, quando o Pão de Açúcar negociou parte de seus ativos, com a Casino, a família Sendas passou a cobrar a antecipação da venda, como previsto no contrato. Abilio Diniz negou que o controle da rede estivesse nas mãos dos parceiros franceses e, a disputa foi parar na Câmara de Arbitragem da FGV.

 

Tudo indica que a discussão sobre a associação da Casas Bahia com o Grupo Pão de Açúcar será decidida em audiência, numa câmara de arbitragem. Durante todo o fim de semana os principais executivos das duas companhias - Abilio Diniz e Michel Klein - estiveram debruçados sobre a mesa de negociação, na sede da Casas Bahia, em São Caetano do Sul, para buscar um acordo, porém as negociações não evoluíram. Além dos sócios, participaram da conversa, advogados e assessores financeiros de ambas as partes, para buscar um acordo sobre a revisão de termos do contrato que uniu as empresas para formar a maior varejista de eletroeletrônicos sob o guarda-chuva da Globex Utilidades, braço do GPA para não-alimentos.

 

As discussões entre os principais executivos das empresas - Diniz e Klein - se estendem por mais de dois meses, e se tornaram tensas na semana passada, quando a informação vazou para a imprensa, o que obrigou o líder do Pão de Açúcar a ir para a França para discutir a situação com os sócios majoritários da varejista francesa Casino. Segundo fontes do mercado, o empresário voltou ao Brasil na noite de quinta-feira com carta branca para resolver o mal-estar com os Klein e disposto a ceder em alguns pontos. Não é a primeira vez que a companhia de Abilio tem problemas com parceiros durante uma fusão. Em 2008, quando se uniu ao Sendas, a rede também enfrentou uma disputa milionária com a família controladora da rede.

 


Veículo: DCI


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