Acordo do algodão com os Estados Unidos está em risco

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Negociações 'azedaram', porque americanos evitam reduzir subsídios para os produtores

 

O acordo entre Brasil e Estados Unidos - que evitou a retaliação brasileira contra produtos americanos por causa dos subsídios dos EUA aos seus plantadores de algodão - está em risco.

 

Segundo fontes do governo brasileiro, as negociações "azedaram" porque os EUA se recusam a fazer mudanças significativas nos seus programas de apoio à agricultura local.

 

O Brasil vai ser mais rígido na nova rodada de negociações, que ocorre terça e quarta-feira em São Paulo. Se as discussões não avançarem, o País pode retaliar os EUA. No dia 21 de junho, expira a prazo concedido pelo governo brasileiro para que as negociações avancem.

 

"O que preocupa é a falta de propostas concretas dos Estados Unidos. A próxima semana será de pressão do Brasil e promete ser muito decisiva", disse o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha.

 

Conforme uma fonte do governo, as negociações "azedaram" na reunião em Washington no início do mês. "Os EUA não querem tomar qualquer medida concreta antes da Farm Bill (Lei Agrícola) em 2012. É o mesmo discurso que tinham antes do acordo com o Brasil", disse.

 

Outra negociador afirmou que o País "não pode passar vergonha agora" e aceitar um acordo fraco. Segundo a fonte, também não existe nenhum comprometimento do Executivo americano em enviar uma reforma ambiciosa para o Congresso.

 

Década. A disputa entre Brasil e EUA no algodão se arrasta por mais de uma década. A Organização Mundial de Comércio (OMC) considerou ilegais os subsídios dos EUA aos produtores de algodão. Como os americanos não retiraram a ajuda, a OMC autorizou o Brasil a retaliar. O País preparou uma lista de mais de 100 produtos americanos que teriam as tarifas de importação elevadas.

 

Às vésperas da retaliação entrar em vigor, os americanos pediram mais prazo. O Brasil concordou, mas os EUA se comprometeram a suspender o programa de garantia a exportação (GSM), a estabelecer um fundo de US$ 147 milhões por ano para os produtores brasileiros de algodão, e a agilizar a abertura do mercado americano para a carne suína brasileira.

 

O principal nó da negociação agora é o GSM. Conforme noticiou o Estado, os EUA suspenderam esse programa mas retomaram 10 dias depois em novas condições que não foram negociadas com o Brasil. Segundo um negociador brasileiro, as mudanças foram "tímidas" e estão muito longe do que pretende o País.

 

O objetivo do Brasil é que os americanos elevem os juros do programa GSM e reduzam seus prazos para desestimular a utilização. O País também quer que uma garantia que o dinheiro do GSM não vai migrar para outros programas de subsídios.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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