Estrela contrata para atender demanda

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Número de funcionários das fábricas passou de 521 para 612, objetivo é atender aumento das encomendas.

 

O atual desempenho da Manufatura de Brinquedos Estrela S/A acompanha o bom momento do setor pós-crise econômica. Apesar de os números da produção e faturamento obtidos nos primeiros meses do ano e em 2009 ainda não terem sido apurados, a empresa, que possui unidade fabril em Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, anuncia novas contratações.

 

De acordo com o presidente da Estrela, Carlos Tilkian, somente de janeiro a abril, o número de funcionários passou de 521 para 612, expansão de 15%. As novas contratações, segundo o executivo, são para atender o aumento (não revelado) das encomendas de bonecas e produtos escolares, mercadorias fabricadas na planta de Três Pontas.

 

Tilkian explicou, ainda, que a capacidade de produção da fábrica, instalada em um terreno com 100 mil metros quadrados, dos quais 18 mil metros quadrados de área construída, é suficiente para atender o natural crescimento da demanda neste ano.

 

Apesar de a Estrela não apresentar as expectativas para 2010, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) estima um crescimento do setor acima de 12%, alcançando faturamento de R$ 3 bilhões. Ainda segundo dados da Abrinq, Minas Gerais detém 18% das vendas de brinquedos no país e São Paulo, é líder, com 38%.

 

Em agosto de 2009, o DIÁRIO DO COMÉRCIO apurou que a Estrela previa fechar o ano com receita de R$ 124,8 milhões, resultado não confirmado pela presidência.

 

"Passada a crise, posso adiantar que nossas perspectivas são bastante positivas, já que os consumidores dependem de renda disponível para investir em brinquedos", disse o presidente. A outra fábrica da companhia, localizada em Itapira, interior de São Paulo, especializada em jogos e massas para modelar, deve seguir o mesmo planejamento da planta de Minas: não ampliar a capacidade de produção e realizar novas contratações.

 

Nova fábrica - Também está nos planos da Estrela para 2010 a instalação de uma unidade fabril em Ribeirópolis, interior de Sergipe. Conforme Tilkian, o projeto, orçado em R$ 8 milhões, financiados pelo Banco do Nordeste, visa atender à demanda do Nordeste do país.

 

"Os brinquedos estão cada vez maiores e os gastos com a logística de distribuição acabam influenciando no preço final do produto. Daí a necessidade de estar mais próximo do cliente", justificou. A nova fábrica, de 15 mil metros quadrados, vai empregar 300 pessoas e será responsável pela produção da linha completa Estrela. O presidente da Estrela garantiu que a nova planta não afetará os negócios das demais unidades.

 

Mix - Atualmente, 520 brinquedos compõem o mix da Estrela, sendo que 280 deles foram apresentados em abril, na 27ª Feira Nacional de Brinquedos (Abrin). Este ano, o evento movimentou mais de R$ 1 bilhão em negócios e atraiu 16 mil profissionais do setor. "Todos os anos a Abrin apresenta novas tendências. Este é um mercado que precisa se modificar para atrair as crianças", disse Tilkian.

 

De acordo com o presidente da Abrinq 2010, Synésio Costa, a Abrin lançou mais de 1,2 mil produtos no mercado e movimentou quase 30% do faturamento previsto para este ano. Os resultados obtidos colocaram o setor de brinquedos brasileiro na liderança das Américas. "A feira proporcionou grandes negócios de imediato e já estamos preparando milhares de outros para todo o ano", afirmou. "Cada vez mais estamos ampliando nossas vendas, sem perder espaço em datas como o Dia das Crianças e Natal", afirmou.

 

As duas datas comemorativas citadas por Costa são determinantes para que a fabricação de brinquedos no segundo semestre seja muito superior à dos primeiros seis meses do ano. Na Estrela, 75% dos produtos são fabricados a partir de agosto. Para tentar mudar essa realidade, a Abrinq anunciou que, em 2011, a feira será antecipada para fevereiro.

 

"Ao antecipar a data, ampliamos o período anual de vendas e permitimos que as empresas fabriquem ou importem os produtos mais cedo", disse Costa.

 

Gargalos - Conforme Tilkian, a empresa possui, atualmente, tecnologia suficiente para produzir 80% de sua linha de brinquedos no Brasil. Porém, questões tributárias fazem com que cerca de 50% do faturamento da companhia seja proveniente de mercadorias feitas na China. "A política econômica brasileira tira competitividade da nossa cadeia produtiva, então, não compensa fabricar tudo aqui."

 

A alta carga tributária brasileira sobre produto e mão de obra é um dos fatores primordiais que impede que a produção de brinquedos da Estrela e de outras 446 indústrias brasileiras seja quase totalmente nacional. Segundo Tilkian, a política econômica impede, ainda, o crescimento das exportações, que no caso da Estrela estão limitadas a menos de 1%. "Já chegamos a exportar 10% mas, hoje em dia, não conseguimos lançar um preço que consiga competir com o brinquedo chinês", argumentou.

 

Visando amenizar os gargalos do setor e posicionar o Brasil como principal fornecedor de brinquedos para a América Latina (posto hoje ocupado pela China), a Abrinq irá entregar ao governo federal, no segundo semestre, a proposta da Política de Desenvolvimento Produtivo. No documento, o setor apresenta compromissos, como investimentos de R$ 100 milhões até 2015, geração de 20 milhões de empregos e a inclusão no mercado de 20 milhões de crianças que não têm acesso a brinquedos.

 

Em contrapartida, o plano visa à remoção, por parte do poder público, de entraves que impedem o crescimento e modernização do setor. Entre eles, estão a redução da carga tributária, diminuição das taxas cobradas por portos brasileiros e a difusão do varejo de brinquedos, atualmente concentrado em 15 grandes cadeias de lojas, apesar de existirem no país, 35 mil pontos de venda.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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