Há carência de mão de obra, principalmente qualificada, para trabalhar nas confecções do Estado. É o que garante o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário no Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), Michel Aburachid. Segundo ele, diante do aquecimento da economia e do crescimento dos índices de emprego, o consumo interno aumentou de forma significativa. A produção está a todo vapor mas esbarra no déficit de costureiras especializadas.
Conforme Aburachid, no exercício passado o setor foi prejudicado pela crise econômica mundial e muitos funcionários foram demitidos. Por outro lado, 2010 começou em franca expansão do mercado para as confecções, o que demandou profissionais capacitados, que estão sendo terceirizados pelas empresas. "O setor cresceu rápido demais e ainda não conseguimos acompanhar o avanço. Não temos estrutura para fabricar em larga escala. Está em falta tanto a mão de obra qualificada quanto a básica", revelou.
De acordo com ele, as principais funções demandadas pelas indústrias são costureiras especializadas em máquinas botoeiras e caseadeiras, além das operações mais simples como arrematadeira, passadeira e auxiliar de costureira. "A expectativa é que em três meses o setor esteja estruturado, tendo em vista que somente nos cinco primeiros meses deste ano houve crescimento de 40% da receita na comparação com igual intervalo de 2009", afirmou.
Aburachid é proprietário da Marcel Philippe, indústria de uniformes e moda casual, localizada em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). De acordo com ele, as encomendas estão atrasadas devido à falta de mão de obra. "Poderíamos atender com maior rapidez e vender o triplo, se tivéssemos um maior número de profissionais. A empresa ainda precisa terceirizar as facções para conseguir produzir", ressaltou.
Para atender ao aumento da demanda, a Pic Jeans, especializada na produção de jeans e moda casual, sediada no bairro Prado, na região Oeste da Capital, já trabalha com costureiras de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Conselheiro Lafaiete, no Campos das Vertentes, e pretende ampliar o serviço terceirizado de cidades do interior. "Não tenho encontrado costureiras capacidadas na RMBH e tem sido necessário recorrer a outros municípios, o que aumenta o custo das peças, que certamente é repassado ao consumidor", explicou.
De acordo com Pires, o prazo de entrega estipulado pelo cliente é mantido em função de a empresa antecipar a produção. Segundo ele, é preciso estar atento às tendências e fabricar o ano inteiro. "Para se ter uma ideia, estamos vendendo vestuário de inverno, mas produzindo itens para o verão", observou.
No polo de confecções de Divinópolis, no Centro-Oeste do Estado, a situação não é diferente. A Verde Limão, especializada na produção de moda praia e fitness, também precisa recorrer a outras cidades para conseguir atender aos clientes. Conforme a sócia da empresa, Maureen Castro Araújo, a Confecção está contratando costureiras terceirizadas em Formiga e Arcos, ambas na região Centro-Oeste de Minas.
"Mão de obra básica, como arrematadeira e passadeira, ainda é possível conseguir, mas profissionais especializados em corte e máquinas caseadeiras está realmente em falta, o que prejudica a produção e a receita. Com isso, é preciso estar atento e buscar os profissionais gabaritados", avaliou.
Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apontam um déficit de 250 mil costureiras qualificadas. De janeiro a abril, o saldo de empregos gerados no setor foi de 36,161 mil postos de trabalho, mais que o triplo do saldo de vagas registrado no ano inteiro de 2009 (11,844 mil). A cadeia têxtil e da confecção emprega 1,7 milhão de trabalhadores em todo o país.
Veículo: Diário do Comércio - MG