Ao contrário do primeiro semestre do ano passado, período em que os negócios foram afetados pela crise, os seis primeiros meses de 2010 estão sendo de fartura para o grupo editorial Record , que já prevê um crescimento de 24% no faturamento - índice bem superior aos 8% registrados em 2009, quando a receita da editora foi de R$ 100 milhões.
O bom momento é reflexo de vários fatores. No começo do ano, a editora carioca fechou um contrato com o governo paulista para impressão de 3,5 milhões de exemplares de livros de literatura que foram distribuídos para escolas públicas do Estado. Dos 20 títulos escolhidos pelo governo, a Record ficou com sete.
As vendas ao público também cresceram. Um dos destaques foram as encomendas feitas por meio do catálogo da Avon, que quadruplicaram até maio, quando comparadas ao mesmo período do ano passado. "Acho que acertamos os tipos de livro que o público da Avon gosta. Além disso, aumentou o poder de consumo da classe C", disse Sonia Jardim, diretora-financeira da Record. Atualmente, os livros com preço de capa entre R$ 9,90 e R$ 19,90 representam 15% da tiragem total do grupo. "Há pouco tempo esse percentual era zero. É tão interessante que as grandes editoras passaram a investir em versões de bolso, mais baratas por causa da classe C", afirma.
Nas livrarias, a demanda foi puxada por best-sellers como "Diários do Vampiro", de L.J. Smith, saga que terá nas próximas semanas seu quarto título. A Record também tem na lista dos mais vendidos livros da escritora Lya Luft ("Múltipla Escolha") e do físico Marcelo Gleiser ("Criação Imperfeita"). "Também chamou atenção o desempenho da Bertrand [uma das editoras da Record]. Em cinco meses, as vendas equivalem a do ano passado inteiro", disse Sonia.
O grupo Record é formado por cinco editoras e nove selos. Sua última aquisição foi em abril, quando comprou a editora Verus, de Campinas (SP), que detém os direitos de publicação do escritor Rubem Alves.
Na área gráfica, Sonia aguarda com ansiedade o início de funcionamento da nova rotativa, que está prevista para começar a operar no fim do mês. Com a máquina em operação, que demandou a maior parte do investimento de US$ 5 milhões para expansão do grupo editorial, a Record aumentará sua atual produção anual de 6 milhões de livros para 9 milhões em 2011. "Estamos operando com praticamente 100% da nossa capacidade. A nova máquina vai dar um alívio, mas ainda assim continuaremos operando com duas turmas para dar conta da demanda", observa.
Hoje, a gráfica da Record trabalha 24 horas. Com a chegada da nova rotativa, as máquinas poderão ser desligadas entre 17h e 21h - uma iniciativa para conter gastos. "Nesse intervalo, o custo da energia é 10 vezes maior. Com essa medida vamos economizar cerca de 20%", afirma Sonia.
Veículo: Valor Econômico