Recursos humanos: Para crescer no país, L'Oréal reforça sua estratégia de treinamentos e amplia a caça a talentos em universidades de todos os níveis.
Diante da ordem da matriz, na França, de dobrar o faturamento no mundo em dez anos, a L'Oréal está implementando novas estratégias de recrutamento, treinamento e manutenção dos recursos humanos nos 130 países onde atua. O potencial de crescimento da subsidiária brasileira fez dela um dos focos centrais nesta estratégia.
O Brasil responde pelo oitavo lugar em vendas da companhia francesa, mas o mercado é considerado altamente promissor uma vez que ocupa a terceira posição no mundo em vendas de produtos higiene de beleza. "Não vamos demorar para puxar a L'Oréal Brasil para cima no ranking da organização", diz o principal executivo da corporação da área de pessoal, o inglês Geoff Skingsley. Segundo ele, as vendas aqui, este ano, devem crescer na faixa de 25% , enquanto a média mundial estimada ficará em torno de 10%.
Skingsley está na empresa há 24 anos e já ocupou o cargo de diretor geral no Reino Unido. Desde 2004, comanda as definições das estratégias de recursos humanos. Esteve no final de setembro no Brasil para ajudar a desenhar os ajustes na equipe e prepará-la para os novos tempos. "A diversidade é um forte valor da companhia. Somos uma espécie de constelação de diferentes negócios e , por isso, precisamos ter pessoas com diferentes perfis e experiências", diz. De acordo com o executivo, a diversidade brasileira - tanto de raças quanto de renda - faz do país um cenário atraente para a L'Oréal, que oferece produtos voltados para diferentes faixas da população.
Nos dias anteriores à conversa com o Valor, Skingsley fez palestra em universidades no Rio, mas não foi apenas nas de primeira linha. A líder mundial nos cosméticos busca potenciais candidatos em universidades de todos os padrões para trazer profissionais que representem os diversos segmentos da sociedade, explica o diretor da área na filial brasileira Marco Dalpozzo, que veio da Vale para capitanear localmente a reestruturação do RH. "Não levamos em conta apenas o grau de instrução do profissional, mas também sua personalidade e o seu desempenho. Além disso, estamos investindo tanto no treinamento interno tradicional como no e-learning", afirma Skingsley. A empresa tem parcerias com instituições de ensino como Coppead, FGV-SP, PUC, Mauá, ESPM, Ibmec, USP entre outras e realizou feiras de recrutamento na UFRJ, PUC-RJ e Cefet.
Com faturamento de €17,472 bilhões em 2009, a L'Oréal enfrentou a crise na Europa e nos Estados Unidos e registrou, no ano passado, uma pequena queda no lucro (€1,997 bilhão frente a €2, 064 bilhões em 2008). No ano passado, as vendas de cosméticos cresceram 7,5% na Europa oriental, mas caíram na França (- 0,4%), na Itália (- 7,6%), na Espanha (-20%). Na América Latina, aumentaram 10,9%. No primeiro semestre deste ano, houve recuperação global com crescimento de 4% nos cosméticos. A América Latina, por sua vez, apresentou nova alta, passando dos 12%.
Com dois mil empregados no Brasil, ele não quis revelar o volume de contratações planejado para os próximos anos. "Nosso foco é ampliar a atuação em pesquisa e desenvolvimento, comercial, logística e distribuição, aumentando nossa escala atual."
O laboratório de pesquisa e desenvolvimento no Brasil conta com 23 especialistas treinados na França e vai dobrar de tamanho. Esse movimento sustentará a intenção da L'Oréal de desenvolver e adaptar produtos voltados para o mercado local.
Veículo: Valor Econômico