Além da expansão da rede de lojas, planos incluem projetos nas áreas de gastronomia e lazer
O negócio de produtos naturais e serviços voltados para a saúde e sustentabilidade está deixando de ser um nicho para ganhar o mercado de massa. A afirmação é do diretor-executivo da rede de franquias de lojas de produtos naturais Mundo Verde, Sergio Bocayuva. Essa é a principal justificativa para seu novo projeto: transformar a empresa numa holding de negócios do setor. "A ideia é montar um grupo de empresas complementares, com perfil similar".
Bocayuva, que também comprou uma participação na Mundo Verde, quando a empresa foi vendida para o fundo de "private equity" Axxon, em agosto de 2009, explica que a Mundo Verde se tornará uma holding de empresas que terão cada qual a sua marca, porém com o padrão do grupo.
Pelo menos cinco setores já estão incluídos no guardachuva da holding Mundo Verde. O primeiro deles é o de fornecimento de produtos para as franquias. Bocayuva explica que a rede têm hoje cerca de mil fornecedores para 5 mil itens diferentes, 75% pequenos e médios produtores. "Só de mel são 90. Não faz sentido", explica Bocayuva acrescentando ainda que nem sempre os fornecedores são capazes de atender a demanda crescente das lojas. "No passado, o Jorge Antunes [fundador da rede] tirava dinheiro do bolso e pagava a expansão desse fornecedor. Era uma empresa familiar. Agora, não posso mais fazer isso." A solução então será comprar o fornecedor que os abastece para expandi-lo.
Desde a venda para o fundo, já foram abertas 42 unidades novas do Mundo Verde, metade delas em São Paulo. Ao todo, a rede fecha o ano com 186 lojas contratadas e 174 abertas em quase todo o país. Ainda não há unidades em Roraima e no Acre. Em Rondônia e no Mato Grosso já há negociações com novos franqueados.
O projeto é abrir 430 lojas em cinco anos, das quais 129 no Rio e 140 em São Paulo. O faturamento do grupo cresceu de R$ 90 milhões, em 2008, para R$ 120 milhões em 2009, com previsão de fechar 2010 com R$ 180 milhões.
A aquisição dos fornecedores levará automaticamente o Mundo Verde a lançar sua marca própria de produtos como grãos, fármacos, chás, mel e derivados. "Teremos venda exclusiva nas nossas franquias", afirma Donato Ramos, diretor de marketing do grupo
Outro mercado que será explorado pela rede é de restaurantes de comida saudável. Neles, os clientes poderão escolher saladas e grelhados. O grupo fará um investimento próprio de R$ 1,5 milhão. A primeira loja experimental deve ser inaugurada no Rio ainda no primeiro semestre de 2011.
O Mundo Verde também vai se aventurar no mundo do lazer. A rede montou uma joint venture com a empresa O Melhor da Vidapara criar a Mundo Verde Experience. Foi aberto um portal na internet que vende mil experiências esportivas, culturais e gastronômicas relacionadas à natureza, saúde e bem-estar.
Nos planos do grupo há ainda o projeto de abrir spas urbanos e de iniciar a venda de produtos pela internet com direito a pagamentos de royalties aos franqueados das lojas mais próximos ao endereço do pedido. "Não queremos criar conflitos com os nossos parceiros", diz Ramos.
Bocayuva e Ramos trabalharam por cerca de cinco anos na fabricante de produtos de beleza Embelleze, onde se conheceram. Graças à experiência, planejam ainda produzir uma linha de cosméticos naturais.
Nesse período que estão administrando a rede, implantaram novos programas para melhorar a qualidade do atendimento e padronizar ainda mais as lojas. Eles criaram uma universidade corporativa para treinar os funcionários das franquias. Na sede de Petrópolis, o número de empregados dobrou de 40 para 80 e todos recebem remuneração variável que chega a quatro salários.
Também foram contratadas cinco nutricionistas para analisar os produtos nas lojas e validar os lançamentos, como a soja preta, a ração humana (usada em dietas) e o agave (substituto do açúcar).
Para que os projetos deem certo, Bocayuva conta que haverá um executivo dedicado a cada nova empresa. "Ele se tornará sócio no projeto, ganhando com o retorno e com a possibilidade de se tornar sócio também da holding", afirma.
Bocayuva abortou o plano de expansão internacional que previa abertura de lojas na Europa e nos Estados Unidos. "Hoje eu tenho demanda na França, na Itália, nos Estados Unidos e também em países da América Latina. Mas há uma crise lá fora e o Brasil é a bola de vez. Se as redes internacionais estão de olho na gente para ganhar mais do que em seus países, por que vamos nos aventurar?", questiona. "Além disso, não é só conseguir um master franqueado, é preciso investir, ter gente nossa lá fora para que nosso padrão seja respeitado", conclui.
Veículo: Valor Econômico