Enquanto todo mundo come peru, eles trabalham sem parar no Natal

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Executivos de setores estratégicos enfrentam pico de trabalho no período de festas.

 

Enquanto boa parte da indústria reduz o ritmo conforme as festas de fim de ano se aproximam, concedendo até mesmo férias coletivas, algumas empresas têm seu ápice de demanda e produção nesse período. Para esses executivos, a maior tradição durante o Natal e o dia de ano novo não é trocar presentes ou viajar com a família, mas ficar de olho no BlackBerry e estar sempre de prontidão para resolver qualquer problema.

 

Serviços de atendimento aos clientes, empresas de tecnologia da informação e companhias de turismo, por exemplo, enquadram-se nesse quesito. Por mais que estejam acostumadas a operar 24 horas por dia, 7 dias na semana, elas precisam ter atenção redobrada para dar conta do aumento do volume de negócios do mês de dezembro.

 

"Nossas três frentes - processos, tecnologia e pessoas - precisam estar totalmente integradas e atuando com força máxima", afirma Marcello Zappia, diretor de desenvolvimento organizacional daTivit. A empresa presta serviços de terceirização de TI e tem entre seus clientes diversas companhias ligadas ao setor bancário e meios de pagamento como a Cielo.

 

"Em 2009 processamos mais de 40 milhões de transações financeiras e neste ano o número vai ser ainda maior", diz. Zappia revela que, além de celebrar as datas festivas, os diretores, gerentes e colaboradores que ficam fisicamente na empresa durante os feriados comemoram também os resultados e as metas que são batidas nos últimos dias do ano. "O pico de pagamentos com débito e crédito acontece nesta época. Ficamos todos ligados, acompanhando o trabalho remotamente e trocando mensagens inclusive com os clientes", ressalta.

 

A multinacional americana Convergys, voltada para sistemas de suporte aos negócios para empresas de energia e telecomunicações e que tem entre seus clientes Vivo, Telefônica e Oi, também não pode diminuir o expediente. Segundo Thereza Giovannini, responsável pela área de "business development" para a América Latina da organização, a equipe que fica na ativa durante os feriados mantém contato direto com os colaboradores dos outros países onde a empresa atua como Estados Unidos e Índia.

 

"Fico recebendo as informações no celular e dando suporte a outras unidades o tempo todo. Esta época é a mais crítica do ano e não tem como se desligar do trabalho", afirma Thereza, que já está acostumada com a situação e passará seu terceiro fim de ano assim. Segundo ela, é preciso levar em conta as diferenças de horário, pois cada unidade localizada no exterior comemora as passagens das vésperas em horários diferentes. "Fazemos uma festinha com jantar e decoração para deixar o ambiente mais agradável", diz.

 

Responsável pelo marketing corporativo da Sonae Sierra Brasil, que é proprietária e administradora de dez shopping centers no Brasil, Laureane Cavalcanti é outra executiva que tem uma rotina movimentada durante as festas. Há 15 anos no setor, ela comanda dez gerentes (um em cada empreendimento) e chega a supervisionar ações promocionais em até três shoppings na grande São Paulo em um único dia. Viagens para Manaus, Brasília, Campinas e Franca, onde a companhia possui shoppings, também são frequentes. "Na minha casa o ritmo é outro. O Natal só acontece depois", afirma.

 

Na opinião de Laureane, que já atuou na sede da companhia em Portugal, a correria nesta época é muito maior no Brasil. "Lá, o movimento é bem equilibrado entre os últimos meses do ano. Aqui, quanto mais perto da data, pior. As pessoas deixam sempre para última hora e tem cliente fazendo compras até às 21h da véspera de Natal", ressalta. Nos dias posteriores às festas, ela ainda coordena a montagem e a desmontagem de estruturas de decoração e dá suporte ao serviço de atendimento ao consumidor (SAC), que recebe um alto número de ligações. "Geralmente são pessoas que querem trocar os presentes, saber se determinada loja vai abrir e em qual horário."

 

Para Ricardo Amaral, diretor geral da Royal Caribbean no Brasil, ficar com o celular ligado 24 horas por dia é essencial nesta época. A companhia de cruzeiros tem três navios programados para a temporada brasileira de fim de ano - o maior deles com 3.500 passageiros e 1.800 tripulantes - e são muitas as variáveis. "Temos de estar preparados para resolver todo o tipo de situação, desde atrasos e questões portuárias até lidar com o mau tempo", afirma.

 

A empresa tem um esquema de suporte especial com diretores e gerentes de cada setor que podem ser chamados a qualquer momento. Para garantir a eficiência da companhia, Amaral faz o que chama de "testes de alerta". "Entramos em contato com determinadas pessoas da equipe em um sábado à noite, por exemplo, expondo um problema. A partir daí analisamos o tempo que cada um demora para responder e o quanto levaria para chegar ao escritório", explica.

 

De acordo com Amaral, isso é necessário devido à complexidade e ao perfil do segmento. "Trabalhamos com o tempo livre e com a diversão das pessoas. É preciso ter condições de resolver rapidamente qualquer imprevisto". O executivo lembra que, no ano passado, esteve em uma "conferece call" resolvendo assuntos de trabalho durante boa parte do réveillon. "Nessas horas, a compreensão da família é fundamental", diz.

 


Veículo: Valor Econômico


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