Interesse do JBS por Sara Lee mostra ascensão de brasileiras

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No mais recente exemplo do aumento da participação das empresas brasileiras no cenário mundial, a gigante processadora de carnes brasileiraJBSS.A. está tentando comprar a Sara Lee Corp., segundo pessoas a par do assunto.

 

Sediada em São Paulo, a JBS procurou a Sara Lee, e a negociação tem ocorrido com algumas interrupções nos últimos meses, segundo essas pessoas. Nas últimas semanas, a Sara Lee passou a considerar mais seriamente a oferta da JBS, elas complementaram.

 

O interesse da JBS é mais um caso de empresas de países emergentes ricas em caixa que estão tentando abocanhar ícones empresariais americanos.

 

Outrora isoladas, empresas brasileiras passaram a se mover mais agressivamente em direção aos EUA. O negócio mais famoso foi a compra da Anheuser-Busch Cos. Inc. pela InBev, por US$ 46,3 bilhões, em 2008. Este ano, a empresa de participações 3G Capital adquiriu a Burger KingHoldings por US$ 3,3 bilhões.

 

Para as empresas na América do Sul e na Ásia, os alvos de compra nos Estados Unidos trazem, ao mesmo tempo, prestígio e oportunidades de virada. Em posições dominantes nos seus mercados domésticos e usando moedas locais fortes, essas empresas têm agora a possibilidade de considerar combinações que já foram impensáveis.

 

As empresas na China, Índia, Brasil e Oriente Médio gastaram coletivamente nos últimos cinco anos mais de US$ 135 bilhões nas 50 principais aquisições que fizeram nos EUA, de acordo com dados da Dealogic.

 

A JBS começou como um açougue em Goiás, na década de 50, e depois foi expandida pelos fundadores, a família Batista, que a transformou em um dos primeiros matadouros da região de Brasília. Na década de 90, a família entrou numa farra compradora, adquirindo 12 empresas brasileiras de processamento de carne, acompanhando o crescimento da economia no Brasil.

 

A Sara Lee, fundada em 1939, tem lutado há anos com o fraco desempenho das ações e sua direção estratégica, em momentos diferentes sendo dona de um negócio de lingerie, artigos de couro Coach, peças íntimas Hanes e a graxa para sapatos Kiwi. Na última década, a empresa reduziu esses negócios e passou a se focar quase inteiramente em café e no processamento de carnes. No Brasil, ela se concentra em café, sendo dona das marcas Pilão, Café do Ponto, Caboclo e Seleto.

 

Hoje, o valor de mercado da Sara Lee é de US$ 11 bilhões. Suas ações deram um salto de 5,3%, para US$ 17,26, na sexta-feira, logo depois que o Wall Street Journal noticiou as discussões.

 

Não foi ainda tomada nenhuma decisão definitiva em relação à união JBS-Sara Lee, informaram as pessoas familiarizadas com o assunto, e a Sara Lee pode decidir contra a venda. O valor de mercado do JBS é quase o mesmo que o da Sara Lee, o que pode representar um desafio para o financiamento da oferta de compra.

 

A diretora-presidente da Sara Lee, Brenda Barnes, escolhida para o cargo em 2005, aparentemente estava conseguindo estabilizar a empresa nos últimos anos. Mas quando ela sofreu um derrame e saiu da posição em medos do ano, o futuro da empresa voltou a ficar incerto. Embora o conselho esteja buscando um sucessor, o grupo também está considerando opções estratégicas. A busca de um novo diretor-presidente foi adiada enquanto a empresa decide o que vai fazer, disseram pessoas a par do assunto.

 

Entre outras possibilidades: a empresa está considerando separar os seus negócios principais, carnes e bebidas, e colocá-los à venda ou separar um deles, disseram as pessoas.

 

A JBS não retornou os pedidos para falar sobre o assunto. A Sara Lee se recusou a comentar. O J.P. MorganChase & Co. está representando a JBS e o Bank of America Merryll Lynch, a Sara Lee, de acordo com pessoas a par da questão.

 

A JBS, um dos maiores processadores de carne do mundo, está se expandindo globalmente desde 2005. Em 2007, comprou a processadora de carnes americana Swift & Co. por US$ 225 milhões e assumiu US$ 1,23 bilhão de sua dívida. No ano seguinte, a empresa comprou a Smithfield Beef, da Smithfield Foods. Em 2009, fechou um acordo para comprar uma participação majoritária na produtora de frangos Pilgrim's Pride, tirando-a da concordata, por US$ 2,8 bilhões.

 

Em 2009, a JBS teve uma receita anual de mais de US$ 20 bilhões com carnes bovina, suína e de aves e com laticínios, assim como de uma área de comercializaçào de artigos de couro, produtos para animais domésticos e biodiesel. A sua subsidiária americana, com sede em Greeley, no Estado de Colorado, tem vendas anuais de cerca de US$ 10 bilhões. A JBS, que está planejando abrir o capital da sua unidade nos EUA, viu suas ações caírem mais de 30% este ano, em parte por conta do aumento do preço do gado e da valorização do real.

 

A Sara Lee, anteriormente, tinha sido procurada pelo gigantesco fundo de participações Kohlberg Kravis & Roberts & Co., mas rejeitou o interesse de compra, segundo pessoas a par das negociações.

 

A venda para um fundo de private equity poderia ainda estar na mesa, mas parece menos viável por causa das dificuldades de financiamento de um acordo dessa magnitude.

 

Entre os atrativos mais interessantes da Sara Lee está o negócio de café, com receita de US$ 3 bilhões e margens operacionais de 18%.

 

Ela tem marcas que estão crescendo no oeste da Europa e no Brasil.

 

Veículo: Valor Econômico


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