Homens movimentam mercado de beleza na China

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A L'Oréal é a líder de cremes para a pele no mercado chinês graças às vendas do Biotherm Homme e L'Oréal Men Experte

 

A cada manhã, Shane Zhang, de Xangai, aplica em seu rosto um tônico da Estée Laudere um creme hidratante da L'Oréal. À noite, usa um creme antienvelhecimento da Lancôme. Duas vezes por mês ele passa por um tratamento facial conhecido como "La Cure", usando lama do Mar Morto.

 

"As pessoas dizem que pareço mais jovem", diz o contato publicitário da revista de moda "Men's Uno", de 28 anos, que gasta cerca de 1 mil yuans (US$ 150) por mês em cosméticos. "Como sou da área de vendas, definitivamente ajuda."

 

Rituais diários como o de Zhang levaram gigantes dos cosméticos, como L'Oréal, Beiersdorf (fabricante da Nivea), a japonesa Shiseido e uma série de novas empresas locais a almejar o mercado masculino na China. As vendas de mercadorias de beleza e saúde para homens na China deverão superar as da América do Norte este ano, sendo que seu ritmo de crescimento provavelmente será cerca de cinco vezes maior até 2014, segundo dados da Euromonitor International.

 

"Todas as grandes empresas de cosméticos estão se concentrando nesse segmento", diz Lynn Zhou, analista de varejo da corretora CLSA, em Xangai. O crescimento das vendas de produtos para homens na China é o dobro do aumento verificado entre as mulheres, de acordo com Zhou.

 

A renda em expansão, a popularidade cada vez maior de edições chinesas de revistas como "Esquire" e "GQ" e o desejo de encontrar vantagens competitivas no trabalho vêm impulsionando a demanda por produtos masculinos de cuidados com a pele. Os homens que usam cosméticos são chamados de "du shi yu nan", literalmente "homens de jade da cidade", apelido equivalente ao "metrossexual" no Ocidente.

 

"Os homens chineses agora estão mais preocupados com a aparência e projetam uma imagem de sucesso", afirma Shaun Rein, diretor-gerente da empresa de pesquisas de mercado China Market Research Group, com sede em Xangai. "Primeiro, eles gastavam em relógios, canetas e sapatos como símbolo de status, depois, há cinco anos, eles passaram a focar-se mais em roupas e, nos últimos três anos, houve um verdadeiro surto nos cosméticos masculinos."

 

Os gastos dos homens chineses em cremes para o rosto, géis antienvelhecimento e loções de limpeza já superam os gastos em lâminas e aparelhos de barbear em mais de 30% e a diferença continuará aumentando, segundo a Procter & Gamble, que criou uma marca chamada Olay For Men, vendida na China. O mercado de produtos para a pele para homens na China pode chegar a US$ 270 milhões este ano, em comparação aos US$ 227 milhões na América do Norte, segundo a Euromonitor. A empresa prevê crescimento anual de 29% até 2014, em comparação a 5,7% na América do Norte e 7,9% na Europa. "Nos EUA ou nos países mediterrâneos, quando tentamos dizer aos homens para usar os cosméticos, dizem: 'O que é isso. Sou homem, cremes são para garotas'", diz Jean-Michel Ripoll, gerente de pesquisas de mercado da L'Oréal, de Xangai. "Na China, não precisamos lutar contra isso."

 

Liang Guang, arquiteto de 29 anos de uma construtora em Pequim, começou a comprar cosméticos após ver um comercial de TV dos produtos masculinos da L'Oréal estrelado pelo ator de filmes de ação de Hong Kong Daniel Wu. "Acho que homens e mulheres são iguais em termos de ter boa aparência" diz Liang, enquanto gastava US$ 42 em uma garrafa de uma emulsão hidratante da Shiseido em uma loja de departamentos. "Todas as manhãs, ao acordar e usar o produto, você fica com a confiança de que precisa para o resto do dia."

 

A L'Oréal é a líder de produtos para a pele na China, com 32% do mercado em 2009, graças às vendas do Biotherm Homme e L'Oréal Men Experte, as marcas mais vendidas de cosméticos para homens no país, segundo a Euromonitor. A chinesa Jahwa United, de Xangai, é a vice-líder em produtos para a pele para homens, com sua linha "gf" - o nome soa como a palavra chinesa para "golfe" - que diz conter ingredientes de plantas do deserto para proteger a pele. A Shiseido, que começou a vender a marca Aupres JS em 2001, lançou a linha Shiseido Men em 2005 e é a quarta maior, atrás da Beiersdorf.

 

A L'Oréal lançou em 2008 a linha Vichy na China e em 2009 começou a vender a Garnier, mais popular. As mulheres são responsáveis por cerca de metade das compras, já que adquirem os produtos para maridos e namorados, diz Paolo Gasparini, CEO da L'Oréal na China. "Isso me surpreendeu, porque sou italiano, e os latinos só usam produtos que eles mesmos compram", diz Gasparini. "Os homens chineses não tem problema em usar produtos comprados para eles por mulheres." (Tradução de Sabino Ahumada)

 


Veículo: Valor Econômico


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