Enviar carregamentos de água mineral Nestlée requeijão comprados na América do Norte para lojas no Japão é apenas uma pequena parte dos planos para expandir as vendas mundiais do Walmart, maior varejista mundial.
Doug McMillon, chefe de operações internacionais do Walmart, diz que aproveitar os contêineres vazios e de baixo custo que estão voltando à Ásia para abastecer suas lojas de Seiyu é um bom exemplo do aumento da integração do império global que a varejista desenvolveu nos últimos 20 anos.
"Ganhamos uma margem de lucro ligeiramente maior, importando e evitando os canais de distribuição estratificados que existem no Japão", diz McMillon.
"Vamos fazer coisas como essa, para levar inovação aos mercados e ajudar a reduzir os custos."
Em janeiro de 2009, McMillon, 44 anos, foi nomeado chefe das operações internacionais do Walmart, que geram US$ 100 bilhões, substituindo Mike Duke, hoje executivo-chefe da varejista.
McMillon chegou quando a varejista embarcava em uma nova onda de expansão internacional, após ter se retirado da Coreia do Sul e da Alemanha em 2006.
Nos últimos dois anos, o Walmart ganhou mais metros quadrados de lojas no exterior do que nos Estados Unidos. Quando McMillon assumiu, o Walmart anunciou a compra de participação majoritária na D&S, maior varejista do Chile, e poucos meses depois inaugurou sua primeira loja atacadista na Índia, com a sócia local Bharti.
Em maio, anunciou acordo de US$ 1,3 bilhão para comprar lojas no Reino Unido da Netto, da Dinamarca; em novembro, anunciou oferta de US$ 2,4 bilhões por 51% da varejista sul-africana Massmart; e acaba de agregar um novo site de comércio eletrônico a suas operações na China.
As operações internacionais do Walmart estão se expandindo em um momento no qual seu rival mundial mais próximo, o Carrefour, da França, recua no exterior e enfrenta dificuldades em seu mercado doméstico.
A Tesco, do Reino Unido, tem planos de expansão na China, mas também tem as atenções distraídas por seu empreendimento deficitário nos EUA. McMillon, considerado por muitos como possível futuro CEO do Walmart, sabe que precisa persuadir Wall Street de que os bilhões investidos estão sendo usados da melhor forma. Embora as operações internacionais representem mais de 25% da receita anual, de pouco mais de US$ 400 bilhões, são menos rentáveis do que os negócios nos EUA, gerando cerca de 20% do lucro.
O executivo argumenta que o tamanho da companhia a tornou uma empresa mais global do que nunca, o que facilitará, por exemplo, os planos de aquisição na África do Sul. "O que queremos é ser mais eficientes do que um varejista local porque somos globais, mas [também] ser relevantes localmente a ponto de não ficarmos em desvantagem em relação a outros varejistas."
A estratégia de integração de aquisições da varejista, diz o executivo, chegou a uma espécie de ponto médio entre a incursão mal sucedida na Alemanha, encerrada em 2006, em que o Walmart tentou impor seus padrões, e abordagem inicial de não intervenção, com a Asda, no Reino Unido.
"Em vez de tentar mudar tudo sobre sua vida, estamos dizendo: Aqui estão as coisas que realmente melhoram o desempenho - e vamos aprender uns com os outros", diz. A empresa, afirma, está mais confiante em obter economias com o abastecimento comum de produtos, como cestas de vime ou copos, mesmo com a resistência inicial de alguns lojistas locais.
No passado, diz ele "teríamos partido". "Hoje, dizemos: 'Quais são os fatos? Você já experimentou isso?' E tentamos nos esforçar um pouco mais."
Ao mesmo tempo, ele diz que o velho sistema, com grandes centros de conexão, está cedendo lugar a algo mais parecido com uma rede. Executivos da Asda no Reino Unido e do Walmart Canada lideraram a equipe que avaliou seus planos de aquisição sul-africanos; executivos japoneses estiveram na Asda para estudar seu serviço de encomendas on-line.
Executivos sul-africanos do Massmart precisam "ter a oportunidade de aprender sobre nosso negócio no México e em outros países da América Latina". McMillon também relembra que Wall Street estava cética diante de suas incursões iniciais tanto no México como no Canadá, hoje operações lucrativas e em crescimento.
O executivo diz que a Walmart International precisa ser julgada não em contraste com sua controladora, bem desenvolvida e supereficiente, mas com base em seus méritos, cuja receita operacional avança a uma taxa composta de 14% e cujos lucros aumentam mais que as vendas.
Veículo: Valor Econômico