Indústria tende a manter aposta em produtos mais sofisticados, para atender aumento da renda
Apesar do aumento acelerado das commodities, que afetou os custos, a indústria de alimentos encerra 2010 com desempenho positivo. O crescimento das vendas deve ficar acima de 7%, descontada a inflação, segundo expectativa da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), que ainda não concluiu as estatísticas fechadas do ano. As projeções para 2011 também são de crescimento.
"Esperamos uma venda em volume entre 4,5% e 5% maior do que em 2010, que já foi um ano de alta surpreendente nas vendas", afirma Denis Ribeiro, diretor do departamento de economia da Abia.
No início de 2010, a Abia divulgou que esperava uma alta de 5% em suas vendas - parâmetro que foi ultrapassado já no fim de outubro. Naquele mês, a indústria brasileira de alimentos chegou à marca de R$ 327 bilhões em faturamento acumulado em 12 meses. No mesmo período do ano passado, essa soma era R$ 35 bilhões menor. As exportações chegaram a R$ 36,7 bilhões, ultrapassando os R$ 36 bilhões registrados entre outubro de 2008 e outubro de 2009.
Os desafios de 2011, segundo o economista, devem ser parecidos com os de 2010. Ou seja: a pressão de preços das commodities continuará surtindo efeitos na cadeia produtiva. E põe pressão nisso: nos últimos 12 meses, o açúcar subiu 16,21% no mercado internacional, o trigo variou 47,88%, o milho disparou 50,03% e a soja, 33,81%. "O próximo ano não será um ano ruim, de jeito nenhum. Continuaremos crescendo, embora em ritmo mais lento que o de 2010, principalmente por conta das commodities", diz Ribeiro.
A tendência de sofisticação dos produtos, segundo João Carlos Lazzarini, diretor de atendimento ao varejo da Nielsen, deve continuar ganhando terreno no varejo de alimentos nacional. "As pessoas têm mais renda e mais acesso ao crédito e cada vez mais se deixam levar pelo desejo de indulgência que um produto mais sofisticado pode proporcionar", afirma.
Em 2010 muitas categorias de produtos cresceram graças a esse fenômeno. Os biscoitos, por exemplo, tiveram alta média de 4,2% nas vendas em volume de janeiro a agosto em relação ao mesmo período de 2009, segundo a Nielsen. A versão mais sofisticada - o recheado - cresceu bem mais: 59%, conforme a mesma pesquisa.
Veículo: Valor Econômico