Cresce consumo do 'super arroz' no Brasil

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Nutrição: Municípios do norte de MG utilizarão o suplemento alimentar na merenda escolar a partir de 2011

 

Em andamento no Brasil desde 2008, o projeto do "Ultra Rice" começa a dar os primeiros passos para ganhar mais espaço no país. Restrito até agora aos municípios de Sobral (CE), Dourados (MS) e Indaiatuba (SP), o projeto chegará a mais quatro cidades do norte de Minas Gerais a partir de fevereiro e poderá abranger todos os 60 municípios da região em 2011.

 

A tecnologia do "Ultra Rice" foi desenvolvida pela empresa Bon DenteInternational, que a criou em 1989. Consiste em utilizar uma base de farinha de arroz, adicionar nutrientes para combater a desnutrição alimentar - como zinco, ácido fólico e ferro, entre outros - e deixar o composto no formato de um grão de arroz para ser misturado ao arroz convencional.

 

Em 1997, a companhia doou a patente para o PATH, organização não governamental americana financiada pela fundação Bill & Melinda Gates. Nos últimos cinco anos, a ONG investiu cerca de US$ 10 milhões, aportados pela fundação, para fazer adaptações no processo de produção. Outros US$ 3 milhões foram investidos em 2010 e mais US$ 5 milhões virão em 2011 na tentativa de expandir o programa ao redor do mundo.

 

As pesquisas da ONG indicam que o "Ultra Rice", adicionado na proporção de 1% ao arroz convencional, é capaz de reduzir a incidência de anemia em populações de baixa renda. Quando ingerido por mulheres grávidas, garante a organização, evita a má formação de recém-nascidos e reduz a mortalidade.

 

"Procuramos as prefeituras de municípios onde existe uma carência nutricional para utilizar o 'Ultra Rice' nas escolas. Mapeamos o norte de Minas e identificamos um sério problema de anemia na região", diz Sérgio Segall, coordenador do PATH no Brasil, que tem como meta contribuir para a criação de políticas públicas de fortalecimento alimentar.

 

A expansão do projeto no Brasil deve-se, em parte, à parceria feita entre o PATH e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), pela qual a instituição de ensino será a responsável por difundir a tecnologia para toda a América Latina. A ONG transferiu a metodologia de produção do "Ultra Rice" para a UFV, que ficará encarregada de licenciar a tecnologia para as empresas interessadas em produzir o composto nutricional.

 

Segundo Segall, o avanço não é maior porque tem sido mais difícil convencer os formuladores das políticas públicas a adotar o produto na refeição em escolas do que atrair parceiros para produção. "A indústria se convence com números. A partir que se tem uma demanda por parte das prefeituras ou dos governos estaduais e federais as empresas passam a ter interesse", afirma.

 

Para as prefeituras e governos, a adoção do arroz fortificado nas refeições implicaria custo adicional de 3% a 4% sobre os gastos atuais na aquisição do arroz convencional. O baixo valor deve-se às condições contratuais impostas às empresas interessadas em fabricar o produto.

 

"A tecnologia e a licença para a produção do 'Ultra Rice' são fornecidas gratuitamente aos interessados. Eles se comprometem, porém, a não colocar uma margem superior a 5% para o produto fornecido aos projetos de merenda escolar e outros que tenham caráter social", diz Segall. Ele lembra que as empresas têm liberdade para produzir o vender o produto a preços de mercado para o varejo, podendo colocar as margens tradicionais.

 

Hoje, a "Ultra Rice" é produzido apenas pela AdorellaAlimentos e os custos ainda são pagos pela PATH. A ideia, contudo é encontrar novos interessados. "É preciso uma produção regional para evitar gastos logísticos. Estamos negociando com aAgrobasa(CE) e já chegamos a conversar com Vilmae Camil, mas a escala ainda é um fator que não temos", afirma Segall.

 

Veículo: Valor Econômico


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