A Samsung Electronics comprou uma companhia holandesa de tecnologia de telas para leitores eletrônicos de livros, no mais recente sinal de que a maior companhia de tecnologia do mundo em vendas está superando uma longa aversão a fusões e aquisições.
O acordo para comprar a Liquavista ilustra o afastamento da Samsung da insistência em fabricar todos os componentes dentro de casa e o reconhecimento da empresa de que precisará crescer a partir de aquisições internacionais. É notória a desconfiança da Samsung em relação a esse modelo de expansão desde a compra malsucedida da AST, no fim dos anos 90.
A companhia sul-coreana foi forçada a fechar a fabricante de computadores da Califórnia depois de uma saída em massa dos talentos da área de pesquisa e de um sucessão de prejuízos.
A tecnologia de telas da Liquavista é usada em aparelhos como e-readers, telefones celulares e tocadores de MP3. Desmembrada da Philips em 2006, a Liquavista passou o tempo subsequente desenvolvendo uma tecnologia de papel eletrônico, que, segundo a empresa, pode tornar-se uma alternativa de baixo consumo de energia para as telas de cristal líquido. A expectativa é de que a Liquavista lance seu primeiro produto neste ano.
A Samsung ainda não produz painéis para e-readers, mas pode entrar nesse segmento usando as telas da Liquavista, segundo analistas.
O acordo com a Liquavista, cujos termos financeiros não foram revelados, ocorre após um acordo semelhante da Samsung para comprar a Medison, uma fabricante sul-coreana de equipamentos médicos.
"Parece haver uma mudança clara na abordagem deles em relação ao crescimento, à medida em que tentam diversificar seus negócios, entrando em novas áreas", diz Kang Chung-won, analista da corretora Daishin Securities. "Eles podem conseguir tecnologia por meio de crescimento orgânico, mas isso leva tempo. Eles estão levando as fusões e aquisições em consideração para obter mais eficiência e economizar tempo, e eu acredito que ficarão mais agressivos na procura dessas oportunidades, considerando o imenso caixa de que dispõem."
Choi Gee-sung, executivo-chefe da Samsung, confirmou na Consumer Electronics Shows, realizada este mês em Las Vegas, que a empresa vai procurar mais aquisições internacionais. "Como está envolvida em muitas áreas de negócios, a Samsung não pode cuidar de todas elas sozinha. Precisamos de muitos parceiros", disse o executivo.
Um dos maiores desafios da Samsung para a integração com outras companhias tem sido sua cultura empresarial extremamente conservadora e muito concentrada na Coreia, o que cria dificuldades para integrar as equipes internacionais.
Veículo: Valor Econômico