Os planos do Japão de criar uma grande fabricante nacional de telas para smartphones e computadores tablet ficaram mais ambiciosos, depois que a Hitachi entrou para as discussões que estavam ocorrendo entre a Sony e a Toshiba, sobre a fusão de seus negócios de telas para eletrônicos, excetuando televisores. A informação foi dada ontem por pessoas a par do assunto.
A nova companhia, que será controlada majoritariamente por um fundo de investimentos apoiado pelo governo, será a maior produtora mundial de telas de cristal líquido (LCD) sensíveis ao toque.
A demanda por pequenas telas de cristal líquido está crescendo graças à popularidade de aparelhos portáteis como o iPhone e o iPad, da Apple. Vários produtores japoneses controlam hoje cerca de um terço do mercado mundial, mas estão sob pressão crescente de concorrentes da Coreia do Sul e de Taiwan. A Sony e a Toshiba já negociavam a produção de pequenas telas de cristal líquido numa joint venture com a Innovation Network Corporation of Japan (INCJ), um fundo que recebeu mais de 90% de seu capital do governo japonês.
Enquanto isso, a Hitachi vinha negociando a venda de uma participação majoritária em sua operação de produção de telas de cristal líquido de pequenas dimensões para a Hon Hai Precision Industry, uma fabricante de Taiwan. Se decidir entrar para uma parceria doméstica, ela vai intensificar os esforços do Japão para defender sua liderança em tecnologia.
Os grupos japoneses temem ser sobrepujados, da mesma maneira que foram no segmento de telas de cristal líquido para televisores - uma categoria de produtos que eles dominaram até a metade da década passada. De lá para cá, no entanto, perderam espaço para os concorrentes de outras partes da Ásia, que têm custos menores.
Analistas e especialistas do setor afirmam que um dos motivos pelos quais o Japão não conseguiu manter sua posição no mercado de telas de cristal líquido para televisores é que sua produção estava muito dispersa entre companhias de produtos eletrônicos de consumo, sendo que nenhuma delas foi capaz de ganhar escala suficiente em um negócio que rapidamente passou a envolver grandes volumes e margens baixas.
No ano passado, a Toshiba controlava pouco mais de 9% do mercado de painéis de cristal líquido de pequenas dimensões, segundo a DisplaySearch, um grupo de pesquisas, enquanto a Sony e a Hitachi tinham, cada uma, participações de pouco mais de 6%. Uma joint venture entre Toshiba, Sony e Hitachi controlaria um quinto da oferta mundial.
A operação deixaria o Japão com dois grandes produtores de telas de cristal líquido de pequenas dimensões. A Sharp, hoje líder mundial desse mercado, já indicou que pretende continuar operando de forma independente.
Se a Hitachi vier a participar, o INCJ poderá dobrar seu investimento na joint venture para 200 bilhões de ienes (US$ 2,5 bilhões), segundo informou a imprensa japonesa. O dinheiro seria usado para ampliar a produção da próxima geração de painéis Oled, as telas de diodos emissores de luz, que estão começando a ser adotados nos aparelhos portáteis.
Veículo: Valor Econômico