O presidente do grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, assumiu que os resultados da companhia de 2011 decepcionam. "É um ano pior do que esperávamos. Quando fizemos o planejamento estratégico, imaginávamos um ano melhor", afirmou o executivo, na sexta-feira, durante evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), de São Paulo, que reuniu presidentes de empresas para debater as perspectivas de crescimento e investimento no Brasil.
Pestana ressaltou, no entanto, que a base de comparação (ano de 2010) é alta e que o grupo Pão de Açúcar não considera que 2011 seja um ano ruim. "Não sentimos um Brasil desaquecido. Mas está bem menos aquecido do que no ano passado", disse.
Ele também acredita que os sucessivos aumentos da taxa básica de juros não afetam diretamente as vendas a prazo. "O consumidor, em geral, não sabe qual taxa de juros está pagando. A conta dele é a prestação que cabe no bolso."
O impacto dos juros altos no negócio, na avaliação dele, ocorre na capacidade de investimento da empresa. "Poderíamos investir e abrir muito mais lojas neste ano do que vamos abrir. Seguramos para conter o nível de endividamento."
Em relação às negociações de Abilio Diniz com o Carrefour, Pestana afirmou que a aproximação do empresário com o concorrente francês não abalou o relacionamento com o grupo Casino - sócio de Diniz no Pão de Açúcar. "A relação está ótima, aliás, nunca esteve ruim", disse.
O executivo reafirmou que o último documento enviado pelo Casino à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - classificado com o assunto "reclamação de investidor" - é apenas um pedido de informações. Ele não quis comentar, entretanto, o teor do documento, que está sob sigilo.
Pestana disse ainda que o Pão de Açúcar avalia a aquisição de ativos em segmentos como têxtil, bazar e casa, mas afirmou não saber se o negócio sairá neste ano. "Se houver oportunidade, faremos."
Veículo: Valor Econômico