Preço do café verde deve seguir elevado, diz Melitta

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Mesmo com as ameaças de uma recessão mundial, Thomas Bentz, presidente global da Melitta, ratifica previsão para crescimento da companhia no Brasil

 

Apesar da queda recente nas bolsas e do aumento da oferta após a colheita no Brasil, os preços do café verde devem se manter altos nos próximos meses. A avaliação foi feita ontem pelo presidente da Melitta no Brasil, Bernardo Wolfson, durante encontro do CEO global da companhia, Thomas Bentz, com jornalistas.

 

Wolfson disse que o desembolso para a compra da matéria-prima subiu de 20% a 80%, de acordo com o blend utilizado, e que o custo ainda não foi totalmente repassado para o produto final. "Nos esforçamos para não repassar esse aumento ao consumidor, mas ainda podemos fazer ajustes."

 

Os preços do café praticamente dobraram desde 2010, reflexo de uma demanda aquecida e do enxugamento dos estoques nos países produtores. Nas últimas semanas, os contratos da commodity negociados em Nova York cederam, reflexo do avanço da colheita no Brasil e das turbulências no mercado financeiro. Mas Wolfson vê pouco espaço para uma queda sustentada no mercado interno.

 

Segundo ele, o Brasil está colhendo uma safra de "ótima qualidade", o que deverá estimular as exportações e a competição pelo produto. Além disso, por causa do ciclo bianual da cultura, a produção será menor do que a de 2010. Os embarques de café verde cresceram 9% nos sete primeiros meses do ano, mas devem perder força no segundo semestre, por causa da oferta menor. Já em julho, o volume embarcado caiu 17%.

 

Apesar da ameaça de uma recessão mundial, Wolfson e Bentz ratificaram suas previsões para o crescimento da Melitta no Brasil em 2010. As marcas da companhia deverão registrar um crescimento de 10% no volume de vendas, ritmo similar ao dos últimos anos. Em 2010, a Melitta faturou R$ 740 milhões no país. Em todo o mundo, a expectativa é crescer entre 5% e 7%. "Vamos ter estagnação no resto do mundo e um crescimento econômico menor no Brasil, mas é muito difícil traçar uma correlação entre crise financeira o consumo de café", disse Bentz. Segundo ele, o Brasil continua sendo um alvo preferencial de investimentos. "Vemos oportunidades de crescimento atraentes e sustentáveis para os nossos produtos aqui, influenciadas pela Copa e pelas Olimpíadas."

 

O Brasil é a maior operação da Melitta fora da Europa, responsável por 29% da receita global com café. A empresa está investindo R$ 51 milhões em marketing, além de R$ 7 milhões em aumento de capacidade. O objetivo é aumentar a receita local em 35% até 2013. Até lá, a companhia espera alcançar os dois dígitos de participação no mercado brasileiro de café, que hoje é de 9%. A empresa é ainda líder em filtros de papel, com uma fatia de 45% do setor.

 

Bastante assediados sobre o tema, Wolfson e Bentz foram evasivos sobre a disposição da Melitta em adquirir outras empresas no Brasil. "Estamos sempre atentos ao mercado, mas por ora não temos nada a anunciar", afirmou Bentz. Questionado sobre o motivo da visita do CEO global, Wolfson despistou: "O dr. Bentz sempre me visita no meu aniversário."

 

Das três maiores empresas de café no país, a Melitta tem sido a mais recatada no que diz respeito a novas aquisições em um mercado sob intensa concentração. A última vez que a companhia foi ao mercado foi em 2006, quando adquiriu o café Bom Jesus, do Rio Grande do Sul. Suas concorrentes no andar de cima, Sara Lee e 3 Corações, têm sido mais agressivas.

 


Veículo: Valor Econômico


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