Produção de cacau será 15% menor

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Após a boa safra de 2010/11, a produção de cacau no Brasil deverá recuar neste ciclo, iniciado em maio, diante de um clima menos favorável. A previsão da TH Consultoria, com sede em Salvador (BA) e especializada na commodity, é que a colheita da amêndoa em 2011/12 ficará entre 165 mil e 170 mil toneladas, 15% menos do que a anterior.

 

O clima no ano passado foi excepcional, com chuva e sol na hora certa, lembra Thomas Hartmann, da consultoria baiana. A condição ideal não deu margem para surgimento de pragas e fungos, recorda o especialista. "Neste ano o clima não está ajudando tanto. Dificilmente repetiremos o bom desempenho do ciclo passado". Apesar da produção menor, as indústrias instaladas no país devem manter o mesmo ritmo de processamento da amêndoa de ano passado, que foi expressivo, afirma Hartmann.

 


Foram moídas em 2010 de 230 mil a 240 mil toneladas de cacau no Brasil, 6,9% a mais do que as 215 mil toneladas de 2009. "Em 2011, o desempenho deve se manter e será puxado pelo mercado interno", diz o especialista.

 

Para atingir esse ritmo, o segmento, liderado pelas globais Cargill, ADM e Barry Callebaut, deve novamente importar cacau. Devido à grande safra, em 2010 foram trazidos do exterior 47,4 mil toneladas da matéria-prima, 35% menos do que no ano anterior, 2009.

 

De janeiro a julho deste ano, já foram importados 10,9 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). "Apesar da menor produção nesse ano, vamos repetir o volume de importação de 2010, pois começamos o ano com bons estoques", diz Patrícia Moles, presidente da Associação da Indústria Processadora de Cacau (AIPC).

 

Mas trazer cacau do exterior não é algo desejável às processadoras diz a executiva. As empresas, afirma ela, preferem pagar mais pela matéria-prima da Bahia, do que ter de passar pelo trâmite burocrático de importar, que envolve também muitas exigências fitossanitárias, devido ao receio de contaminação com "vassoura de bruxa", praga que devastou os cacaueiros do sul da Bahia na década de 80. Na época, o Brasil era o principal produtor mundial da amêndoa e chegou a produzir 423 mil toneladas.

 

Além disso, explica Patrícia, garantir oferta local é estratégico. "No Brasil testemunhamos um crescimento forte da demanda que segue no ritmo do aumento da renda. Mas a produção interna ainda oscila muito", diz.

 

Atualmente, compara, cerca de 70% dos produtos do cacau (pó, manteiga e liquor) ficam no mercado interno e 30% são exportados. "No passado, exportava-se muito mais. Além disso, os embarques de chocolate, ou seja, de produto final, também eram maiores", afirma Patrícia sobre o crescimento brasileiro.

 

O fato de os preços internacionais estarem altos há mais de um ano vem contribuindo para ampliar investimentos nas lavouras cacaueiras, sobretudo em tratos culturais. No entanto, expansão de área está ocorrendo apenas no Pará, que produz 20% da safra brasileira. "Os produtores da Bahia, que produzem 80%, têm problema crônico de endividamento, o que limita crescimento", diz Patrícia.

 

Apesar da previsão de superávit mundial de 350 mil toneladas, os preços do cacau seguem altos, inflados por fundos de investimentos. Na sexta-feira, os futuros para dezembro encerraram a US$ 3,075 a tonelada, valorização de US$ 48.

 

Veículo: Valor Econômico


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