O Brasil consome menos leite do que se imaginava. O consumo per capita -incluindo leite líquido, em pó, queijos e requeijão, iogurte e outros produtos vindos de laticínios- é de apenas 128 litros por ano.
As estimativas anteriores, quando se considerava o total da produção de leite pelo número de habitantes, indicava 150 litros por ano. Nesse número está incluída a utilização industrial.
Os dados atuais são da Associação Brasileira dos Produtores de Leite, a Leite Brasil, após cruzar os números da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2008/9 e do estudo Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, ambos do IBGE.
Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, diz que o país está deficitário no consumo de leite, que é bem inferior ao ideal, de 200 litros por ano. Os uruguaios consomem 74 litros a mais do que os brasileiros.Os norte-americanos, 82 litros a mais.
Dois motivos levam a essa deficiência no consumo. Primeiro, a falta de uma política coordenada do setor para mostrar as propriedades do leite. "O setor precisa sair da toca", diz ele.
Segundo, é necessário aumentar a produção. Se o consumo crescer, não haverá leite suficiente, já que parte do mercado é abastecido atualmente por Uruguai e Argentina.
Mas o setor tem ainda um grande desafio pela frente, segundo Rubez: melhorar a qualidade do leite, dando, inclusive, um gosto mais atrativo para o produto. E essa qualidade não depende apenas da indústria, mas começa logo no campo, diz ele.
De uma forma geral, o país não dá ao alimento o valor que ele merece, diz o presidente da Leite Brasil. Essa mentalidade precisa mudar para que o país possa ter um mercado externo também para os produtos de valor agregado, diz ele.
Veículo: Folha de S.Paulo