O diretor-presidente da varejista francesa Casino, Jean-Charles Naouri, chegou ao Brasil na tarde de ontem para se reunir durante esta semana com o conselho de administração do grupo Pão de Açúcar, controlado pela família Diniz e pela rede francesa. Pessoas próximas a Diniz contam que o empresário tentará abrir espaço para uma nova conversa com Naouri a respeito do projeto de fusão entre o grupo Pão de Açúcar e o Carrefour, apresentado dois meses atrás ao sócio Casino, que se posicionou publicamente contra a proposta.
A ideia seria tentar mostrar informalmente ao sócio os benefícios que Diniz vê na proposta, e que essa aproximação entre os dois possa criar bases para um novo diálogo entre as partes. Para Diniz, dizem as fontes, existe uma expectativa de que, passado o período mais conturbado - quando a operação de fusão foi apresentada ao mercado -, o executivo do Casino possa estar mais aberto a uma análise do negócio.
Interlocutores que acompanham Naouri contam, no entanto, que o executivo chegou ao país sem disposição para voltar a tratar do assunto. Ele continua com a mesma postura de defesa das cláusulas do contrato assinado com Diniz em 2005, quando os franceses se tornaram sócio da rede no país. Pelo acordo, o Casino passa a ter o controle do grupo Pão de Açúcar a partir de junho de 2012.
A assessoria de imprensa de Abilio Diniz informa que não há reuniões programadas do empresário com o seu sócio Casino para discutir uma possível associação com o Carrefour.
Apesar de já estar no país desde ontem, Naouri tem reuniões com os conselheiros a partir de amanhã até a sexta-feira. A reunião do Pão de Açúcar acontece anualmente e envolve três comitês do grupo: de sustentabilidade, consultivo e de planejamento estratégico.
Na quarta-feira, Diniz esteve em conversa com seguidores do Twitter, por meio da Twitcam, e continuou a defender a fusão de Pão de Açúcar e Carrefour. "Eu não tenho dúvida que esse é um grande negócio para a companhia, Pão de Açúcar, para o Carrefour, para o Brasil e para o consumidor. Sem dúvida, vai haver muitos ganhos de eficiência com a fusão. Com essa eficiência, esses ganhos são sempre repassados para preço", explicou.
"Nós faríamos com que a empresa resultante do Pão de Açúcar com o Carrefour fosse uma empresa administrada, controlada, por brasileiros. Acho que isso é muito importante. E seria também um ato defensivo impedindo que outras empresas de fora viessem se instalar e fizessem que o varejo ficasse desnacionalizado", completou. A proposta de fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour foi apresentada em 28 de junho pelo fundo Gama, do banco BTG Pactual, à rede francesa.
Há informações no mercado de que o Gama/Pactual continua à procura de fundos de investimento no Brasil e no exterior que possam colocar dinheiro na operação. Além disso, já há alguns dias circula no mercado a informação de que as conversas para a apresentação de uma nova proposta ao Casino passariam pela divisão do grupo Pão de Açúcar em um braço de supermercados, cujo controle ficaria com a rede francesa; e outro de varejo eletrônico, que reuniria as operações de Casas Bahia e Ponto Frio e que ficaria sob o comando de Diniz.
Alguns analistas consideram que essa é apenas uma possibilidade, mas que um desfecho para o caso está distante.
Procurada pelo Valor, a assessoria de imprensa de Abilio Diniz nega que haja qualquer proposta em análise de divisão do grupo Pão de Açúcar em duas companhias.
Veículo: Valor Econômico