O frigorífico pretende priorizar as vendas no mercado interno, dado o aumento do consumo das camadas baixas, e balancear a participação das vendas externas
De olho em um crescimento sustentável, o frigorífico Minerva, terceiro maior processador de carne bovina no Brasil, afirmou que até o final de 2012 não investirá em novas unidades, reduzindo o montante histórico de aportes de R$ 200 milhões para apenas R$ 80 milhões anuais, voltados à manutenção e modernização das plantas existentes. Além disso, a empresa prevê ampliar os seus negócios na América Latina e no mercado brasileiro dado o aumento do consumo das classes C e D nos últimos anos.
Diante dos problemas cambiais vistos desde o ano passado e o crescimento da renda das classes C e D, o frigorífico Minerva decidiu priorizar as comercializações no mercado interno brasileiro. Para o presidente da companhia, Fernando Galetti de Queiroz, o consumo interno continua se beneficiando da queda do desemprego e do ganho real da renda. Há dois anos, as vendas externas do Minerva ultrapassavam a casa dos 80%, e esse ano deve ficar em 50% dos negócios da companhia. "Desde o terceiro trimestre de 2010, nós estamos dando preferência às vendas no mercado interno. Fechamos o segundo trimestre com 47% de vendas no mercado nacional e 53% no externo. Essa é uma tendência que deve perdurar este ano", contou.
Já em relação a produção, a atenção está voltada para a América Latina. Queiroz lembrou que a região possui grande potencial para incrementar a produção de proteína animal, devido ao grande volume de riquezas naturais. "Existem muitos competidores no nosso setor que estão em uma busca insana para investir em outros países fora da América do Sul, e nós vamos focar aqui mesmo. A América do Sul possui uma vasta riqueza natural, a questão da disponibilidade de água é chave nesse mercado", frisou o executivo.
Para a produção de um quilo de aves são necessários 3,9 mil litros de água, montante que salta para 5,3 mil litros no caso dos suínos, e surpreendentes 16 mil litros de água no caso dos bovinos. "No Brasil não temos problemas de falta de água e temos grande potencial de exploração de terras. Se compararmos nossa produção aos principais produtores como Estados Unidos e Austrália, temos uma vasta vantagem".
Apesar do potencial desses mercados, a companhia resolveu "puxar o freio" em relação a novos investimentos em projetos neste ano e no ano que vem. Queiroz afirmou que os investimentos da companhia em greenfields começaram a maturar agora fato que fornece a base para o crescimento esperado entre 2011 e 2012. "Continuamos com o processo de desalavancagem, temos alguns investimentos que ainda estão maturando nesse ano e seguirão até 2012. O ciclo de greenfield está encerrado, os investimentos daqui para frente são em manutenção e modernização. Portanto os aportes anuais de R$ 200 milhões por ano devem cair para R$ 80 milhões", garantiu.
Apesar da desaceleração, a empresa não descartou participar do processo de compra de ativos da Brasil Foods, caso ele fosse feito de forma fatiada, de maneira que pudesse apresentar oferta por ativos de bovinos.
Como parte do acordo da Brasil Foods para que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cadê) aprovasse a incorporação da Sadia pela Perdigão, foi determinada a venda de alguns ativos, mas preferencialmente em bloco para um só comprador. "Não temos interesse em investir em aves e suínos, por isso estamos aguardando para ver como o processo se encaminha. Se os ativos de bovinos fosse destacado do bloco, certamente estaríamos interessados", disse Queiroz.
A BRF atua junto com o banco BTG Pactual no planejamento da venda dos ativos, que incluem dez fábricas de alimentos, dois abatedouros de suínos, dois abatedouros de aves e oito centros de distribuição, entre outros.
Veículo: DCI