A fabricante de produtos de higiene e limpeza Condor, de São Bento do Sul (SC), decidiu sair dos mercados de anti-séptico oral e de creme dental adulto. No início do ano, desativou a fábrica de Suape, em Pernambuco, construída em 2008 para produzir esses itens e a colocou à venda. No segmento, a empresa decidiu apenas manter a produção de creme dental infantil, mas de forma terceirizada.
Segundo o presidente da Condor, Luis Vidal, o conselho da empresa avaliou que seria difícil competir com as grandes marcas globais de anti-sépticos orais. De acordo com ele, que assumiu o comando da octogenária empresa em janeiro, o conselho chegou à conclusão que a entrada nesse mercado teria sido um pouco precipitada.
Para crescer em 2011, a empresa aposta nos cremes dentais infantis e na expansão de outras áreas em que atua, principalmente escovas de dente, vassouras e pincéis. Em pastas de dente para crianças, Vidal conta que serão colocadas no mercado em setembro novas linhas com licenciamento das marcas Hot Wheels (de carrinhos) e Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre (de roupas infantis, da Marisol).
Apesar da saída do mercado de anti-sépticos bucais, a Condor vem apresentando bons resultados. Em 2010, fechou com uma receita bruta consolidada de R$ 240 milhões, crescimento de cerca de 10% sobre o ano anterior. O lucro do período foi de R$ 96,2 milhões.
Este ano, a companhia teve um bom desempenho em vendas no primeiro trimestre, mas sentiu o reflexo das medidas para contenção do consumo nos últimos três meses. Segundo o executivo, o faturamento deverá fechar o ano com alta de 7% a 8% sobre 2010.
O plano para a expansão da Condor desenhado por Vidal vai além do resultado previsto para 2011. O espanhol, que atuou durante 11 anos como presidente da Ceras Johnson no Brasil, pretende dobrar o tamanho da empresa em cinco anos. O planejamento estratégico, aprovado pelo Conselho de Administração, tem relação com o projeto de vida desenhado pelo executivo para os próximos anos.
Vidal trocou o Rio de Janeiro pela pacata São Bento do Sul, uma cidade de 70 mil habitantes, e vê com bons olhos as perspectivas da empresa. Criou grupos de trabalho em inovação e espera lançar produtos que ajudem a companhia a encontrar novos nichos de negócio nos próximos anos.
"Ganhar 'share' não é o mais importante", diz. Apesar de concorrer com gigantes como Colgate e Procter & Gamble, com quem disputa o segmento de escovas de dente - que responde por 35% das vendas da empresa -, o presidente está mais preocupado em encontrar produtos novos, que permitam à companhia nadar em um "mar azul". O espanhol faz referência à "estratégia do oceano azul", de Chan Kim e Renée Mauborgne, que discorre sobre a capacidade das empresas de criarem mercados sem rivais.
Além do segmento de escovas dentais, a Condor mantém 35% das vendas no setor de limpeza - onde atua com vassouras, esfregões e esponjas. Na disputa pelo mercado de vassouras, a gaúcha Bettanin é a principal concorrente.
Vidal vê ainda uma grande possibilidade de crescimento nas vendas de pincéis para o setor de construção. Segundo o presidente, a posição da Condor ainda é tímida no mercado, mas há espaço para expansão.
Outra estratégia é reduzir a base de clientes para ganhar agilidade na distribuição. Hoje, a Condor atende a uma base de 8 mil clientes e pretende centralizar as vendas em distribuidores com maior penetração no mercado.
Veículo: Valor Econômico