Em agosto, o valor recebido pelos produtores pelo litro do produto registrou alta de 2%.
O período de entressafra está promovendo a valorização dos preços pagos aos pecuaristas de leite em Minas Gerais. De acordo com os dados da Scot Consultoria, empresa especializada em análise do agronegócio, em agosto o valor recebido pelos produtores pelo litro do produto, entregue ao longo de julho, registrou elevação de 2% sobre os preços praticados anteriormente.
A tendência é de novas altas até a primeira quinzena de outubro, período em que a oferta de pastagem deverá ser ampliada assim como o volume do produto. Na comparação com agosto de 2010, o valor do leite acumula alta de 21%.
Para o analista e zootecnista da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho, a redução da captação de leite em Minas Gerais e nas demais regiões produtoras, como São Paulo, é o principal fator que tem sustentado a alta do produto. Enquanto a captação segue em queda, o consumo final e a demanda por parte dos laticínios continuam aquecidos, o que sustenta o mercado.
"A tendência é de mercado firme até meados de outubro, quando as pastagens começam a se recuperar, a produção volta a crescer e os preços são reduzidos. A situação atual dos pecuaristas de leite é favorável, porém a margem de lucro foi reduzida pela alta dos custos de produção, que foram impulsionados pela valorização, principalmente, do milho", disse Ribeiro.
Os produtores mineiros ao longo de agosto receberam em torno de R$ 0,87 por litro de leite, o que representa uma evolução de 2% frente aos preços praticados em julho e de 21% em relação á igual mês de 2010, quando o litro estava avaliado a R$ 0,72.
De acordo com Ribeiro, a valorização expressiva, em relação a agosto de 2010, se deve aos preços baixos praticados no período de entressafra do ano anterior, quando o mercado brasileiro foi abastecido com leite importado, proveniente principalmente da Argentina e do Uruguai.
Perdas - O aumento da oferta no período impactou negativamente nos preços pagos aos produtores. Esses acumularam perdas devido ao aumento dos custos de produção, que no período de entressafra são alavancados pela necessidade de alimentar o rebanho com ração.
Mesmo com a valorização dos preços pagos pelo litro de leite, os custos de produção em alta limitam os ganhos dos pecuaristas. De acordo com o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite), elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite), entre julho de 2010 e julho deste ano, a alta verificada nos custos de produção foi significativa e atingiu 19,53%. As maiores altas ocorreram nos insumos relacionados à alimentação bovina, reprodução e à qualidade do leite.
Uma das principais conseqüências da valorização do leite no campo e do aumento dos custos de produção, segundo Ribeiro, é o repasse da diferença para os consumidores. Tanto na região Sudeste como no Sul do país, os preços do leite longa vida estão acumulando alta, o que pode interferir na demanda.
De acordo com a Scot Consultoria, o preço médio do leite longa vida em São Paulo, que foi de R$ 1,93 em julho, subiu 1,5% em agosto e está cotado a R$ 1,96. No varejo a valorização do produto subiu 2,2% em agosto. O menor preço encontrado no varejo é de R$ 2,09 por litro. A situação em Minas Gerais é equivalente.
Veículo: Diário do Comércio - MG