Preço da celulose ficará no vermelho

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Nem mesmo as perdas bilionárias no terceiro trimestre do ano de Fibria e Suzano, em decorrência da variação cambial registrada no período, tiraram o discurso otimista das duas fabricantes para os próximos dois meses de 2011. A perspectiva é uma possível retomada dos preços em decorrência do retorno dos chineses às compras da commodity no Brasil, pois seus estoques estão baixos. Porém, a tendência é de que o preço do insumo fique em um patamar mais baixo do que o registrado no início do ano, quando era vendido ao mercado chinês por cerca de US$ 740 a tonelada. Atualmente, a cotação desse produto está em US$ 630 por tonelada.

O tom otimista foi visto nos discursos dos presidentes das maiores produtoras de celulose de mercado do País, a Fibria, que até setembro fabricou 3,886 mi de toneladas e a Suzano, que reportou 1,199 milhão de toneladas da commodity. Ambas afirmaram que as compras na China foram retomadas e que a tendência é de que o preço, que estava depreciado por conta dos estoques altos chegou ao patamar mínimo e que de agora em diante há um processo de reestocagem.

De acordo com números apresentados pela Suzano sobre o setor, a demanda chinesa por celulose de mercado entre janeiro e setembro de 2011 foi 36,7% maior que no mesmo período do ano passado. Nesse mesmo intervalo de tempo, o mercado europeu recuou 1,6%. Esse crescimento foi liderado pelas vendas no terceiro trimestre quando os asiáticos apresentaram consumo 48,8% superior ao de 2010, enquanto que o europeu ficou 9,3% menor.

O analista do setor de papel e celulose da Tendência Consultoria, Walter de Vito, confirma essa expectativa das empresas. Segundo ele, a entrada de novas máquinas de produção de papel e a queda dos estoques na China deverão elevar os preços praticados atualmente. "Os traders [agentes que compram e vendem celulose em grandes quantidades e agem para ganhar com a queda e a alta de preços da commodity] estão desestocados e agora a demanda forte começa a aparecer com o preço mais deprimido da celulose", afirmou. "A tendência é de que os preços passem por um processo de recomposição, mas com a crise da Europa, onde as empresas estão comprando o suficiente para a manutenção das atividades por conta da incerteza econômica, essa recuperação de valores será de intensidade mais leve, o que deixará os preços no fechamento do ano mais baixos do que em janeiro", acrescentou.

Essa leve recuperação, disse o analista, deve-se ainda ao patamar mais elevado dos estoques em comparação à média histórica. Atualmente, esse indicador aponta 38 dias de produção em média, sendo que para a celulose de fibra curta há 44 dias de produtos "na prateleira". "Esse volume tira o poder de barganha das empresas exportadoras", resumiu ele.

Essa percepção foi externada na sexta-feira pelo presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto. Segundo Maciel, os estoques estão acima da média e esse dado combinado ao aumento da demanda chinesa traz incertezas sobre o movimento que o preço da commodity terá nos próximos dois meses. Por sua vez, o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, foi mais enfático durante a apresentação dos resultados da companhia. Ele afirmou que o atual preço da celulose está no piso e que não deverá cair mais do que está no momento.

Desinvestimento

A Suzano informou na última sexta-feira que estuda novos ativos que pode colocar à venda para ajudar na redução de seu endividamento. A medida, explicou o presidente da empresa, tem como objetivo principal reduzir a exposição da companhia às turbulências do mercado internacional, principalmente com a Europa, que é um dos maiores destinos das vendas da empresa.

O maior deles é a Ásia (incluindo a China) com 34% do total comercializado e em terceiro lugar fica o Brasil com 21% do total de 1,301 milhão de toneladas reportadas de janeiro a setembro deste ano.

Dentre as opções que a Suzano analisa está a possível venda de ativos de papel e a participação dos novos projetos no Maranhão, que já está em andamento, e do Piauí. Porém, o objetivo da empresa é de manter o controle.

"Podemos vender 10% do capital acionário no Maranhão, mas isso ainda está em estudo por diversos bancos para vermos qual é a melhor oportunidade para a companhia", afirmou Maciel. Essa negociação deverá ser finalizada completamente apenas no próximo ano.

Outras duas ações estão em negociação: a venda de 17% da empresa na usina hidroelétrica de Capim Branco, no rio Araguari (MG), que pode ser feita a uma das sócias, Vale, Cemig e Votorantim, que têm o direito de preferência e deverá ser finalizada ainda este ano.

Há a venda de áreas florestais afastadas das unidades da Suzano, como em Ribeirão Preto (330 km da capital).


Veículo: DCI


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