Boas perspectivas para exportação de maçã

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As indústrias brasileiras produtoras de maçãs acreditam que terão uma boa comercialização da fruta em 2009 no mercado externo, mesmo em plena crise econômica mundial. A expectativa das empresas é manter ou até de aumentar o volume exportado da fruta, ainda que o principal destino das exportações, a União Européia, que responde por pelo menos 90% das compras de maçã do Brasil, esteja em desaceleração econômica. 

 

Pierre Nicolas Peres, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçãs (ABPM), afirma que a crise poderá ser até mesmo benéfica porque poderá elevar o consumo da fruta. "As compras de bens de consumo duráveis podem estar diminuindo na Europa, mas as de alimentos não. O que muda com a crise é que, antes dela, mais de 50% das refeições dos europeus eram feitas fora de casa e isso pode diminuir agora, o que é bom para o consumo de maçã porque maçã se come geralmente em casa". 


 
Na opinião de Peres, será possível, no início de 2009, quando se fecham as vendas externas, repetir o volume geralmente exportado pelo setor, algo entre 12% e 15% do total produzido.

 

Grandes empresas do segmento como a Renar, de Fraiburgo (SC), e a Rasip, de Vacaria, (RS) também demonstram otimismo com as vendas externas. Não esperam queda de demanda e acreditam em bons retornos. Isso principalmente devido à desvalorização do real em relação ao dólar, que deverá tornar as vendas externas desta nova safra mais rentáveis do que a anterior. 

 

Roberto Frey, presidente da Renar, prefere ainda não revelar o percentual exato de aumento das vendas externas, mas diz que a empresa pretende incrementar especialmente as exportações em dólar. "Em março deste ano [quando a empresa comercializava a safra colhida no início de 2008], o dólar estava R$ 1,70 e o euro em torno de R$ 2,70. De lá para cá houve valorização de cerca de 5% no euro e de cerca de 30% no dólar", compara o executivo. 

 

A partir dessas contas, Frey defende as vantagens de a empresa ampliar principalmente os embarques para os Estados Unidos, mercado em que voltou a atuar na safra passada, depois de uma ausência de três anos. 

 

"As redes de varejo internacionais com quem tenho conversado não sentem queda de venda e o preço hoje está muito próximo ao que estava no ano passado. Acredito que a maçã, por estar entre as frutas mais consumidas do mundo, não terá retração de compras. Ela não entra no rol de frutas exóticas, que podem deixar de ser consumidas com a crise", afirma Frey. A Renar comercializou na safra passada cerca de 33 mil toneladas - 6 mil toneladas das quais foram exportadas. 

 

Anderson Tholozan, gerente comercial da Rasip, também acredita que as vendas externas de maçã não sofrerão queda, podendo a empresa manter o mesmo volume da safra anterior, cerca de 5 mil toneladas. "Estive há pouco tempo na Europa e já se nota retração do consumo de carnes e lácteos, mas isso não ocorre com a maçã. Essa é uma fruta que participa da cesta básica e tem um consumo per capita muito alto na Europa", explica. 

 

A comercialização total da Rasip na safra colhida no início de 2008 foi próxima a 42 mil toneladas, e a expectativa é de manter o mesmo volume nesta temporada. 

 

Para Peres, da ABPM, a preocupação quanto às exportações recai somente nos novos mercados que começaram a ser explorados pelas empresas produtoras na safra passada, como Oriente Médio e Rússia, como forma de diversificação. "Não sabemos ainda como ficarão as vendas desta nova safra para estes mercados, que ainda estavam em amadurecimento. Pode ser que sejam prejudicadas porque sabemos que os russos, por exemplo, estão com dificuldades de crédito. Este esforço de abertura de novos mercados pode ser em parte perdido", diz. 

 

Rasip e Renar, por enquanto, acreditam que poderão continuar a vender para os novos mercados, especialmente para o Oriente Médio, que não tem produção própria da fruta e precisa importá-la, ainda que em momentos não tão favoráveis. 

 

A produção nacional de maçã, que será colhida no primeiro trimestre de 2009, é esperada para ser de um volume próximo ao da safra anterior, que ficou em 825 mil toneladas, segundo dados da ABPM. O clima chuvoso dos últimos dias nas regiões produtoras, em especial no Estado de Santa Catarina, que responde por metade da produção do país, já está afetando os custos de produção por conta do aumento de riscos de fungos nas macieiras e necessidade de controle maior com defensivos, mas a chuva não trouxe quebra significativa de produção. 

 

José Luiz Petri, presidente da Sociedade Brasileira de Fruticultura e pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de SC (Epagri), acredita que a produção que será colhida em 2009 ficará em torno de 850 mil toneladas, se não houver surpresas nos próximos dias como um forte granizo. Ele estima que as exportações ficarão, "na pior das hipóteses", próximas ao volume de 110 mil toneladas que foi exportado na safra anterior. 

 

Veículo: Valor Econômico


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