Produtor pede políticas públicas eficientes para garantir preços rentáveis ao segmento.
Lideranças nacionais da cadeia produtiva do café se reuniram, ontem, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) para debater sobre o futuro da cafeicultura no país. A necessidade de criação de políticas públicas eficientes para garantir preços rentáveis aos cafeicultores foi um dos principais temas abordados.
Segundo o presidente das comissões de Café da Faemg e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Pereira Mesquita, o momento é ideal para discutir os assuntos ligados à geração de renda na atividade e às negociações do mercado futuro. Além de reunir a cadeia da cafeicultura, representantes do governo federal também estiveram presentes.
"Estamos no início da colheita do grão e, por isso, o momento é essencial para que as políticas públicas sejam implantadas e contribuam para a rentabilidade do setor. O que percebemos é que a demanda por café está maior que a oferta e, apesar disso, os preços pagos pelo grão estão em queda. Neste momento, o cafeicultor precisa ter acesso a crédito para estocar a safra e negociar a preços mais vantajosos. O objetivo da reunião é levantar os problemas e buscar medidas para solucioná-los".
Uma das principais questões refere-se à liberação das contratações de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que deverá ocorrer em meados de junho.
O acesso ao crédito no momento atual é considerado fundamental para que os produtores se mantenham capitalizados e em condições de negociar a safra com mais cautela e conseguir preços mais lucrativos. A próxima reunião com o Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para o dia 31, deverá liberar o acesso ao Funcafé.
Empecilhos - "Ainda existem alguns empecilhos que já foram identificados e levados aos representantes do governo federal. Acreditamos que os mesmos serão solucionados rapidamente pelo governo e o crédito liberado. Um dos pontos questionados é a exigência de paletes de madeira nos armazéns, o que já não é utilizado mais", disse Mesquita.
Os recursos disponíveis pelo Funcafé, R$ 2,45 bilhões, serão divididos em R$ 1,5 bilhão para a linha de estocagem, R$ 500 milhões para custeio e colheita do café, R$ 250 milhões destinados ao Financiamento para Aquisição de Café (FAC) e outros R$ 200 milhões para linha especial de capital de giro voltada para a indústria de torrefação.
Outro fator importante que foi discutido é a necessidade dos produtores de café em negociar parte da safra antecipadamente, garantindo preços rentáveis.
"Identificamos, no Estado, produtores que apostaram nas negociações antecipadas e comprometeram parte da safra atual com valores acima dos R$ 500 por saca de 60 quilos. A atitude foi fundamental para que os mesmos garantissem a lucratividade agora que os preços estão em baixa. Queremos difundir este assunto e estimular que outros cafeicultores negociem parte da safra no mercado futuro", disse.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de café beneficiado em Minas, na safra 2012, será de 26,64 milhões de sacas dos tipos arábica e robusta, o que resultará em um incremento de 20,1% sobre a safra anterior. O Estado, que é o maior produtor de café do país, terá uma produção de 26,34 milhões de sacas do tipo arábica, alta de 20,4% se comparada com o volume produzido anteriormente.
Mesmo com os preços atuais em torno de R$ 350 por saca, os produtores mineiros estão otimistas com o mercado e esperam a retomada dos preços, que devem ficar entre R$ 450 e R$ 500. Um dos principais pontos que deverá contribuir para a valorização do grão são os estoques mundiais de café, ainda baixos. Com isso, a tendência é de aquecimento da demanda, o que é essencial para alavancar os preços.
Veículo: Diário do Comércio - MG