Clima seco e temperaturas altas no hemisfério Norte vão trazer prejuízos à próxima safra mundial de trigo.
O Departamento de Agricultura dos EUA (Usda) reduziu ontem sua estimativa de oferta para a safra 2012/13 em 7 milhões de toneladas.
O consumo maior do que o esperado na safra 2011/12, reflexo de maiores exportações, reduziu os estoques iniciais em 1,5 milhão de toneladas.
Já a produção mundial, na nova safra, deve ser 5,5 milhões de toneladas menor do que a esperada inicialmente.
A produção agora é estimada pelo Usda em 672 milhões de toneladas, ante o recorde de 694 milhões em 2011/12.
No relatório de ontem, o Usda aponta problemas climáticos em países exportadores como a principal causa para a menor produção.
A Rússia é um exemplo. A estimativa para a produção de trigo russa caiu 5% em relação à estimativa anterior do Usda, para 53 milhões de toneladas, por causa da seca nesta primavera e indícios de problemas no desenvolvimento dos grãos, devido a danos provocados por congelamentos no inverno passado.
A seca nas regiões de Colorado e Nebraska também provocou o corte de 300 mil toneladas na estimativa para a produção dos EUA, para 60,8 milhões de toneladas.
Já a Europa, líder na produção mundial, deve colher 4% menos na próxima safra em relação à temporada 2011/12, por conta da menor área destinada à cultura.
Muitos agricultores preferiram o milho, que pode substituir o trigo na ração animal. E com a maior oferta de milho, o Usda espera queda de 5 milhões de toneladas no consumo de trigo, sem considerar as exportações.
Os problemas climáticos já vinham influenciando o mercado de trigo, que ontem fechou em queda de 2,3%.
"Essa revisão já havia sido assimilada pelo mercado, que realizou lucros", afirma Michael Prudêncio, analista da Safras & Mercado.
Mesmo após a retração de ontem, em 30 dias o trigo sobe 4%. Nos últimos 20 dias de maio, avançou 10%.
Veículo: Folha de S.Paulo