Depois de passar por um período de crescimento intenso, o segmento de shoppings centers, que concentra mais de 80 mil lojas em todo o País e por onde circulam cerca de 300 milhões de pessoas por mês, precisa inovar e investir cada vez mais se quiser se manter. A estratégia projetada para o futuro se baseia na diversificação e na funcionalidade dos empreendimentos, que cada vez mais serão multiuso. Dentre os desafios para crescer de forma sustentável, estão a carga tributária, a burocracia e falta de contrapartidas do governo.
Esse foi o tema central do painel "Tendências para o mercado de shoppings", apresentado ontem na 12ª edição do "Brasilshop – Congresso Internacional do Varejo", realizado pela Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop). O diretor executivo do Shopping Total de Porto Alegre, Eduardo Oltramari, mostrou tendências apresentadas no Recon/ICSC 2012 (congresso do setor realizado em maio, em Las Vegas), e a necessidade de adaptá-las para atender às atuais demandas do mercado brasileiro.
Enquanto os shoppings norte-americanos apostam nos grandes centros, em arquitetura leve e funcional, na revitalização de áreas centrais das cidades, em sustentabilidade e até no compartilhamento em tempo real das atividades dos shoppings (por smartphones e tablets), no Brasil o desafio é equacionar os custos de ocupação por metro quadrado e a compatibilização de vagas de garagem por área bruta locável. Além disso, precisa unir sustentabilidade com as exigências de redução dos impactos ambientais. "Nossa preocupação é que seja feita sem ser fachada, e que possa ser suportada sem repassar custos aos clientes", disse Oltramari.
Para Paulo Stewart, presidente da gestora de shopping centers Saphyr, a revitalização urbana gera um ambiente de negócios favorável, mas necessita de contrapartidas. "Falar em sustentabilidade é bonito, mas sem incentivos no bolso, como redução do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), por exemplo, não adianta", ressaltou. "Fazemos nossa parte, somos até convidados pelo governo a participar de intervenções, masnão recebemos incentivos", completou Ilia Alencar, diretora da Jereissati Centros Comerciais, que é dona do Iguatemi Fortaleza e há 20 anos trabalha com água de reúso.
Uma tendência é de cada vez mais empreendimentos multiuso. Como os grandes terrenos começam a ficar "rarefeitos", principalmente nas grandes cidades, construir shoppings menores nem sempre compatibiliza a melhor distribuição das lojas. "A ideia agora é investir em ergonomia, transformar a entrada em sala de estar, com uma arquitetura cada vez mais funcional e racional, além de diversificar ainda mais as lojas", disse Oltramari.
O executivo lembrou também dos cuidados com a classe C. "A família 'Miranda' de ontem – aquela que só 'mira-e-anda' – hoje é a classe C. E os shoppings devem se adaptar para receber esse grupo ", concluiu.
"Daqui a pouco não haverá lojista para tanto shopping. É preciso buscar incentivos e linhas de financiamento", destacou Nabyl Sahyoun, presidente da Alshop .
Veículo: Diário do Comércio - SP