Padarias projetam crescimento

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Expectativa do setor é fechar 2012 com incremento de 10% no faturamento.


Mesmo com a desaceleração do consumo, a indústria de panificação está em alta. A expectativa é fechar este ano com incremento de 10% no faturamento do setor sobre o exercício passado - as vendas do primeiro semestre já sinalizam que esse índice será alcançado. Em 2011, houve uma alta de 11,3% do faturamento do segmento em relação ao ano anterior. A diversificação do mix de produtos das padarias é um dos fatores que está incrementando os negócios.

Mas, mesmo com faturamento maior, as padarias podem não ter o lucro esperado.  que a desvalorização do real perante o dólar impacta diretamente o preço do trigo, principal matéria-prima utilizada pelas panificadoras - que ainda resistem em repassar essa diferença para o consumidor. O presidente da Associação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão), José Batista, afirma que o preço da mão de obra também está subindo. "Vamos buscar a desoneração da folha de pagamento para o setor. Isso será uma medida muito importante", diz.

A mão de obra, inclusive, é um dos principais gargalos enfrentados pelos panificadores. Além dos altos custos, existe ainda a dificuldade de encontrar pessoal para atuar nas padarias. "Falta não só mão de obra qualificada, mas também pessoas com compromisso que estejam em busca do primeiro emprego. Cerca de 30% do nosso setor respondem pelo primeiro emprego", afirma Batista. "As pessoas estão entrando e saindo do emprego com muita facilidade", completa. Ainda segundo ele, outro gargalo é a questão tributária. "Nós vamos continuar na luta pela desoneração do pãozinho", observa.

Mesmo com todos esses empecilhos, Batista acredita que 2012 vai fechar com crescimento em torno de 10% sobre o exercício passado. "O primeiro semestre foi bom e deve permanecer assim", aposta. Nas unidades da Padaria Boníssima no Gutierrez, na região Oeste, e em Lourdes, na região Centro-Sul, por exemplo, já houve crescimento de 8% nas vendas do primeiro semestre do ano com relação ao mesmo período do exercício passado.

O proprietário da Boníssima, Caio Carneiro, acredita que o mercado de alimentação fora do lar não acompanha os outros segmentos do comércio. "O pão de cada dia, todos precisam comer; então, o consumo não cai", afirma. Ele acrescenta que o preço do trigo, que aumentou com a desvalorização do real, pode impactar os negócios. "Não queremos repassar isso ao consumidor porque, quando isso acontece, a repercussão é muito ruim, influenciando no consumo do pão. Mas também não podemos arcar com isso senão ficamos no prejuízo", pondera.


Mão de obra - A falta de mão de obra para atuar no setor é outro ponto abordado por Carneiro. "Esse já é um problema crônico para os panificadores. Não encontramos mão de obra qualificada", queixa-se. O proprietário da Padaria Castelinho, com duas unidades do Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Helvécio Siqueira Braga, tem a mesma reclamação. Ele afirma que a empresa investe em treinamento e envia os funcionários para cursos no Senai e no Senac, mas que a rotatividade é grande e isso prejudica. "Betim é uma cidade muito industrializada e acabamos perdendo o pessoal para as grandes indústrias", reconhece.

A Padaria Castelinho cresceu, em 2011, 20% sobre 2010. Para este ano, a expectativa é de incremento em torno de 10% sobre o exercício passado. Ele atribui esse crescimento a diversificação do mix de produtos e serviços da panificadora. "Além de padaria, nós temos restaurante e lanchonetes e servimos, ainda, caldos e comida japonesa. Isso aumenta o número de clientes e, conseqüentemente, o faturamento da padaria", afirma. Siqueira Braga acredita que esse movimento é uma tendência do mercado. "As padarias estão se transformando em lojas de conveniência para que os clientes possam atender às suas necessidades de consumo de alimentos", observa.

Pesquisa realizada sobre o setor de panificação no Brasil em 2011 pelo Instituto Tecnológico ITPC, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), mostrou que o setor que tem maior representatividade no faturamento das padarias é o de produtos próprios. Esse segmento é seguido pelos itens de bebidas e mercearia.


Sebrae lança publicações para o setor


Os panificadores que querem melhorar os resultados de seus empreendimentos têm onde procurar informações e casos de sucesso para se espelharem. Basta consultar duas publicações para o segmento em todo o país, lançado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Associação Brasileira da Indústria de Panificação (Abip) e o Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (ITPC).

O estudo sobre os Impactos da Inovação Tecnológica na Panificação e Confeitaria mostra como os panificadores podem aplicar a tecnologia em seus negócios ao substituir equipamentos, melhorar a eficiência energética e o design, entre outros. O setor tem melhorado a competitividade, que se reflete no aumento do faturamento dos estabelecimentos.

Em 2011, as receitas foram de R$ 63 milhões, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. "Os empresários precisam colocar inteligência em todos os processos de produção da padaria, já que os custos estão cada vez mais elevados", o presidente do ITPC, Marcio Rodrigues.

Segundo a coordenadora nacional da cadeia de Panificação do Sebrae, Regina Diniz, vários estados apresentam elevado estágio de desenvolvimento e maturidade no negócio da panificação. Ela cita como exemplo São Paulo, estado que concentra o maior número de padarias; e o Espírito Santo, onde há grande organização do setor. Segundo a coordenadora nacional, as regiões Norte e Nordeste têm buscado conhecimento para impulsionar as padarias locais.

Uma das razões para o sucesso das empresas capixabas está no programa de consultoria Sebraetec, que leva serviços tecnológicos às micro e pequenas empresas. Segundo a gestora da carteira de panificação no Espírito Santo, Carla Tardiani, só no ano passado foram realizados 298 atendimentos de consultoria tecnológica no estado. Para este ano, estão previstos 352. "Um dos maiores gargalos dos panificadores é a eficiência energética e o licenciamento ambiental. Estamos trabalhando embalagens, rotulagens, design de lojas, melhoria de produtos e processos. Os resultados têm sido muito bons", disse Carla Tardiani.

Guia - As três instituições também lançaram um guia on-line com indicação de padarias que são referência em cada estado. O guia é resultado de uma pesquisa feita entre os estabelecimentos do setor em todo o país. "Foram selecionadas as panificadoras que servem de exemplo para outras empresas do setor. Foram levados em consideração itens como serviços diferenciados, atendimento adequado, delivery e produtos com valor agregado", diz Regina Diniz. O guia e o estudo estarão em breve à disposição para download no portal do Sebrae.

As duas publicações são parte integrante das ações do convênio firmado em maio de 2011 entre a Abip, ITPC e Sebrae. O objetivo do acordo é promover ações estruturantes para o trabalho que o Sebrae realiza junto às micro e pequenas empresas do setor. "Inclusive com as informais, que dependem da formalização para participarem dos projetos da instituição", afirma a coordenadora. (ASN)



Veículo: Diário do Comércio - MG


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