Carlyle compra controle da Tok&Stok

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Após uma acirrada disputa com diversos fundos de private equity, o Carlyle adquiriu 60% da Tok&Stok, varejista de móveis e decoração. O valor da negociação é de cerca de R$ 700 milhões, sendo que a maior parte desta quantia será revertida para a família dos fundadores, Regis e Ghislaine Dubrule, segundo fontes do setor.

Com a entrada da gestora americana, que costuma permanecer nas empresas adquiridas de três a cinco anos, a Tok&Stok planeja abrir seu capital até 2014. "Conseguimos fechar uma transação que contempla a perenidade da empresa, resolve a questão da sucessão, já que temos cinco filhos, e a nossa permanência com uma participação relevante", disse Regis Dubrule.

Após o IPO e a consequente diluição da participação do Carlyle, existe uma forte possibilidade de a família ser a maior acionista, uma vez que hoje detém 40%. "A vontade é permanecer como maior acionista, mas vamos ver como será o IPO. É importante ter uma participação relevante porque podemos defender a continuidade dos nossos valores", complementou Dubrule.

Nos próximos dois anos, Ghislaine será a CEO da varejista fundada em janeiro de 1978. Já Regis e seu filho mais velho, Paul, que até então era o diretor financeiro, irão para o conselho. "Agora, vou para o conselho, trabalhar menos e reconquistar minha mulher", brincou Regis, ao lado de Ghislaine, que riu dos projetos do parceiro. Nos últimos meses, fontes que acompanhavam a operação diziam que Ghislaine não gostava da ideia desfazer-se da companhia, enquanto Regis queria a venda. Ontem, Regis fez questão de esclarecer que "nunca houve atrito na família e todos estão confortáveis com a venda."

Após 2012, a fundadora também ocupará um assento no conselho. O Carlyle apontará outros seis executivos indicados pelo Carlyle. A diretoria financeira também ficará com um profissional nomeado pela gestora.

Com um faturamento de R$ 1 bilhão no ano passado, a Tok&Stok atraiu um número grande de interessados porque reúne vários atributos que a diferem dos demais varejistas. "A Tok&Stok é uma empresa lucrativa, sem endividamento, gestão eficiente, já tem uma boa escala com 35 lojas e grande potencial de crescimento", disse Daniel Sterenberg, diretor do Carlyle, que fechou a operação com Juan Carlos Félix, presidente da gestora, após nove meses de negociação.

Hoje, a varejista conta com cerca de 100 mil m2 de lojas distribuídas em 12 Estados, com destaque para o Sudeste. "A Tok &Stok tem capacidade para dobrar de tamanho em três ou quatro anos", disse Paul. Nesta nova etapa, um dos focos será o Nordeste, cujo tíquete médio é superior ao do Sudeste.

A empresa também planeja abrir mais lojas compactas, principalmente, em cidades médias que não comportam grandes unidades ou em shoppings.

Fundada como uma lojinha no bairro paulista do Itaim, a Tok&Stok desde o início apostou em móveis com design simples e modernos a preços acessíveis. "Quando chegamos no Brasil, os móveis bonitos eram caros e os baratos eram feios", contou o francês Regis, que no começo desenhava, ao lado de Ghislaine, o layout dos móveis. Nenhum deles é designer, ambos são formados em ciências políticas. Regis lembra que o nome da loja foi uma combinação de design, o "toque", e pronta-entrega dos móveis, o "estoque".

"O interessante da Tok&Stok é que ela não é uma varejista comum que vende commodities, como uma TV que pode ser encontrada na concorrente. Ela vende um produto específico com design e preço acessível. Por isso a margem é muito melhor em relação às demais varejistas", afirmou Sterenberg, sem revelar o percentual da margem. Mas, segundo estimativas do setor, a Tok&Stok tem margem Ebitda de 15%. Segundo Sterenberg, a meta não é crescer por meio de aquisições, mas oportunidades serão avaliadas. O Carlyle já fez importantes aquisições no país como a CVC, a Ri Happy, a Qualicorp e a Scalina.



Veículo: Valor Econômico


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