Carência de profissionais qualificados e precariedade das rodovias impactam o segmento em Minas.
A falta de mão de obra qualificada é um dos mais graves problemas enfrentados hoje pelo setor de transporte de carga brasileiro. Em Minas Gerais, a defasagem de profissionais e a precária infraestrutura das rodovias estão elevando os custos do segmento, que deve fechar o ano com resultados pouco expressivos.
A perspectiva do presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, é que o setor deverá apresentar desaceleração no faturamento ou crescimento máximo de 1% na comparação com o registrado no ano passado, quando houve alta de 3,5% sobre 2010.
"A escassez de pessoal especializado é uma realidade difícil de mudar, principalmente para o transporte de cargas em longas distâncias. Hoje é impossível convencer um jovem de 20 e poucos anos a ficar mais de um dia fora de casa, fazer uma viagem de Belo Horizonte a Belém (PA), por exemplo, que gasta de sete a dez dias. Eles preferem optar por outras carreiras que rendem o mesmo e não exigem o sacrifício", argumenta Costa.
O problema também atinge a contratação de embarcadores de mercadorias e transportadores do agronegócio. "Há muita reclamação de empresas do Triângulo Mineiro e Centro-Oeste do país nesse sentido", revela.
"Faltam motoristas qualificados no Brasil inteiro, mas o pior gargalo continua sendo a falta de infraestrutura da malha rodoviária. Em Minas Gerais, por exemplo, obras importantes já anunciadas pelo governo até hoje não saíram do papel", ressalta o dirigente, citando a tão esperada duplicação da BR-381 e as obras de modernização do Anel Rodoviário de Belo Horizonte.
Para o dirigente, a solução está nos investimentos em outros modais de transporte de cargas, especialmente o ferroviário e o hidroviário. " preciso acabar com as longas viagens por rodovias. Para isso há outros transportes mais eficientes. O governo precisa investir em infraestrutura de transporte até para para que possamos ser mais eficientes no nosso segmento", disse.
Diante do atual cenário, Costa revelou que 2012 tem sido um ano de baixo investimentos no setor. "Acompanhamos o desempenho da indústria. Foi ruim no primeiro semestre e deve melhorar um pouco nos últimos seis meses do ano. Dessa forma, ninguém quis ampliar a frota", observa.
Como reflexo direto do cenário negativo do segmento, as vendas de caminhões caíram no país. A previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é que o ano feche com retração de 30% nos emplacamentos em relação ao ano passado.
Diesel - Além dos problemas já citados, o segmento transportador de cargas no Estado, segundo Costa, é prejudicado pelo preço elevado dos combustíveis. Em função disso, Minas Gerais possui um dos fretes mais caros nas transportadoras e custos de produção mais elevados em vários setores que dependem do transporte de carga.
As principais demandas do setor em Minas são por transporte de commodities, sendo que somente a mineração representa 30% do total. São destaques também os produtos siderúrgicos e agrícolas. Em termos de empregos, as estimativas são de que a cadeia de transporte de cargas empregue cerca de 200 mil pessoas em todo o Estado, desde motoristas, passando por ajudantes até chegar aos cargos administrativos.
Veículo: Diário do Comércio - MG