A indústria brasileira de frutas iniciará em 2009 uma ampla campanha de marketing para elevar a base de consumidores no país e enfrentar seu principal inimigo: as sobremesas prontas. Em cinco anos, o segmento pretende elevar o consumo brasileiro de frutas em 50%, atingindo os invejáveis níveis europeus - referência em dieta saudável segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Um dos desafios será a descentralização regional. "Cerca de 68% do consumo de frutas ocorre na região Sudeste", afirma Moacyr Saraiva Fernandes, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Atrelado a isso está a disseminação das frutas entre as classes econômicas C e D. "O consumo ainda hoje é altamente concentrado nas populações das classes A e B", explica.
Na disputa que se anuncia, o Ibraf já se municiou com um departamento de inteligência de mercado para monitorar ações de marketing, detectar tendências e perfis de consumidor, e aprender com a concorrência. O instituto tem especial preocupação com o que chama de concorrentes indiretos - os fabricantes de sobremesas, sorvetes e doces.
Dados da Nielsen mostram que apenas no segmento de sorvetes, o consumo brasileiro per capita cresceu 17% nas regiões Norte e Nordeste e 30% na Grande São Paulo entre 2006 e 2007. O consumo de frutas frescas registra alta bem mais modesta e longe do ideal, de 4,6%.
O brasileiro come em média 62 quilos de frutas por ano, diz o Ibraf. Na Europa são 82,5 quilos, somados a outros 101,7 quilos de verduras, segundo a Euromonitor International. A meta do Ibraf é atingir a marca de 100 quilos de frutas per capita/ano até 2013.
Para o curto prazo, o Ibraf estuda fechar parcerias institucionais. A Associação Paulista de Pediatras deve ser a primeira delas. Além disso, exibirá em seu site uma gama de artigos científicos favoráveis ao consumo de frutas. "Queremos puxar a classe médica para o nosso lado, pois eles são os formadores de opinião", diz Fernandes. "Você já viu um médico indicar leite Ninho para o bebê. Isso também tem a ver com a estratégia de marketing". De acordo com o executivo, a indústria focará no marketing dos alimentos funcionais, que agem preventivamente contra doenças. "Temos enorme potencial com a goiaba vermelha, maçã, mirtilo e açaí".
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, com 42 milhões de toneladas produzidas em 2,2 milhões de hectares. Cerca de 47% são frutas frescas, sendo a maior parte consumida no mercado doméstico.
Veículo: Valor Econômico