As boas vendas do Natal não foram suficientes para sustentar a estimativa otimista de crescimento para o fechamento deste ano. Os lojistas entram em 2013 ainda um pouco cautelosos quando o assunto é evolução do segmento. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), feito em parceria com o instituto de pesquisas Ibope, o próximo ano atingirá um avanço de 12% das vendas ante a previsão de 10% para 2012, sendo que, descontada a inflação, o percentual cai para 4,5%, valor ainda superior à alta estimada para o PIB nacional de cerca de 1%, mas inferior aos resultados obtidos em anos anteriores.
Para o diretor de Relações Institucionais da Alshop, Luis Augusto, a projeção ainda pode ser considerada pouco realista se não for levada em conta a euforia impulsionada pelas vendas natalinas. "O entusiasmo do mês de dezembro, com certeza, influiu na opinião dos lojistas quanto ao crescimento. O ideal é aguardar a previsão que será divulgada no próximo trimestre", argumentou. O feriado prolongado deliberou um incremento de 6% nas vendas em comparação aos 7% alcançados no ano passado.
Outro ponto que contribuiu diretamente para a estimativa chegar à casa de 12%, o mesmo aumento registrado em 2011, quando a economia brasileira ainda não passava por um momento de incertezas como agora, foi a inauguração de 33 novos shoppings - mais 6,2 mil lojas - em 2012, e a média de lançamento de 40 shoppings por ano.
No entanto, contabilizando o desempenho apenas das mesmas-lojas, ou lojas comparáveis, 2012 deve manter avanço nem melhor, nem pior do que 2011, com crescimento máximo de 3%, disse o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun.
Apesar disso, ele se mostrou bastante otimista com os resultados obtidos neste ano, principalmente com a crise financeira batendo às portas da economia brasileira. "O varejo tem conseguido resistir bem aos contratempos do colapso generalizado que acontece ao redor do mundo. O setor continua crescendo a uma média 2,5 vezes maior do que a do PIB nacional", disse.
O volume de vendas nos shoppings totalizou R$ 108,28 bilhões em 2012, ante R$ 97, 73 acumulados no ano passado.
Para engatilhar o sucesso de outrora, quando a entrada da classe C ao público consumidor ainda caminhava a passos largos e parecia nunca se esgotar, o segmento passou a recorrer ao movimento de interiorização dos centros comerciais. Em vez de concentrar as atenções nas capitais, que já estão abarrotadas de centros de compras, os empreendedores se voltaram para o mercado potencial das cidades do interior.
Segundo Luis Augusto, hoje, 50,8% dos shoppings se localizam em municípios pequenos, contra 49% nas capitais. Antigamente, ocorria exatamente o oposto: 30% contra 70%, respectivamente, segundo a entidade.
Referência
O executivo também disse que o mercado de varejo se constitui em um dos pilares que conservam a economia brasileira de pé e em alta competitividade com o restante do mundo. "Por isso, os investimentos do governo são cada vez maiores para este setor."
Para ele, o varejo dos shoppings recebe uma blindagem natural para este tipo de crise internacional graças ao seu maior contato com a população no comparativo com outros braços da economia.
"Todo mundo precisa comer, vestir-se, comprar presentes. Os contratempos geralmente não chegam aos shoppings", acrescentou Sahyoun.
Vale salientar que há alguns anos os aportes dos shoppings provinham apenas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Hoje, bem diferente de antigamente, os centros comerciais recebem aquisições milionárias de diversos segmentos da sociedade.
"Chegam investimentos do capital privado, fundos imobiliário e bancário, e principalmente de grandes grupos internacionais", afirmou o presidente da Alshop.
Com o montante aproximado de R$ 8 bilhões, 157 novos shoppings - somando a abertura de mais 43.600 lojas - serão entregues no Brasil nos próximos três anos.
Público-alvo
Fenômeno ocorrido nos últimos anos, a entrada maciça da classe C ao grupo consumidor do varejo reduziu o custo médio em 20%. A média do preço ficou na casa dos R$ 65, dadas as diferenças do público-alvo dos 828 shoppings brasileiros em atividade atualmente. Enquanto para os centros de compras direcionados à classe AB o gasto chega a níveis de R$ 80 a R$ 120, nos mais populares o valor beira os R$ 35 a R$ 50.
Além de influir no tíquete médio, os novos consumidores alteraram o ranking das categorias mais procuradas para compras em shoppings. Segundo os estudos da Alshop, o setor de perfumaria e cosméticos, junto com o de óculos, bijuterias e acessórios foram os que mais se destacaram nas vendas natalinas deste ano, com aumento de 14% em comparação ao ano passado. Atrás deles vem o de joias e relógios, com 13%, calçados, 8%, brinquedos, 7%, e vestuários, 5%.
Veículo: DCI