O mercado brasileiro de algodão chega ao fim de 2012 acumulando uma média de preços 35,8% inferior à praticada no ano anterior. Esta retração foi uma resposta ao movimento apresentado no mercado internacional, onde o excesso de oferta e a demanda reprimida derrubaram as cotações em 41,9% na Bolsa de Nova York (ICE Futures).
Para o analista de Safras & Mercado lcio Bento, a queda só não foi mais intensa devido à apreciação do real em relação ao dólar. Na média de 2011, a moeda norte-americana foi trocada por R$ 1,67 e, em 2012, por R$ 1,97 (+18%). "Outra característica interessante verificada em 2012 foi a baixa volatilidade dos preços", lembra Bento. No CIF de São Paulo, a média anual ficou em R$ 1,58 por libra-peso, tendo atingido a máxima em janeiro a R$ 1,68/libra-peso e a mínima em junho a R$ 1,48/libra-peso. A diferença entre o piso e o teto (amplitude) foi de apenas R$ 0,19/libra-peso. Em 2011, a média foi de R$ 2,46/libra-peso, com a mínima de R$ 1,63/libra-peso em dezembro e a máxima de R$ 4,00/libra-peso em fevereiro. Neste caso, a amplitude foi de R$ 2,37/libra-peso.
O ano de 2012 sentiu os reflexos dos anos comerciais 2011/12 (entre janeiro e abril) e 2012/13 (entre maio e dezembro). "Nestas temporadas, o Brasil colheu as duas maiores safras da história e só não elevou seus estoques de passagem devido ao excepcional desempenho das exportações", frisa o analista.
Saldo - O ciclo 2011/12 do país iniciou com 155 mil toneladas em estoques, produziu 1,89 milhão de toneladas e importou 70 mil toneladas, o que resultou numa oferta total de 2,114 milhões de toneladas. O consumo doméstico foi de 900 mil toneladas e as exportações de 940 mil toneladas, resultando numa demanda de 1,84 milhão de toneladas e, conseqüentemente, estoques de 275 mil toneladas.
"Este saldo remanescente se juntou à produção de 1,85 milhão de toneladas e, com uma projeção de 8 mil toneladas importadas, resultará numa oferta de 2,133 milhões de toneladas na temporada 2012/13õ, projeta Bento. O consumo interno é estimado em 930 mil toneladas e as importações em 1,03 milhão de toneladas, fechando numa demanda de 1,96 milhão de toneladas e estoques finais de 173 mil toneladas.
Conforme Bento, estes números mostram que a competência dos cotonicultores em escoarem os excedentes para o mercado internacional foi de extrema importância para evitar um recuo ainda mais intenso dos preços domésticos. "Tendo exportado volumes recordes, o abastecimento interno seguiu enxuto, permitido que os referenciais negociados no país seguissem próximos à paridade de exportação", finaliza.
Veículo: Diário do Comércio - MG