Comerciantes otimistas com o aquecimento do mercado na melhor época do ano para o setor .
Um novo ano se inicia e, com ele, chega a lista de material escolar. Lápis, borrachas, cadernos, mochilas e livros integram a linha de novas aquisições da garotada para a volta às aulas. O período compreendido entre os meses de janeiro até março aquece o ramo de papelarias e livrarias, que vivem sua melhor época de vendas do ano. Para 2013, os lojistas esperam um incremento em vendas de até 20%, ante o mesmo período do exercício anterior.
A época ainda é de férias escolares, mas as lojas do segmento já sentiram um aumento no movimento de clientes. Preparada para atender à demanda, a Port, especializada em material de escritório, papelaria e informática, reforçou a equipe e contratou 27 funcionários, entre atendentes, operadores de caixa e repositores, para as seis lojas, sendo quatro delas em Belo Horizonte - Prado (região Oeste), Savassi, Lourdes e Centro (Centro-Sul) - e as outras em Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e Brasília (DF).
Com quase 20 anos de mercado, a Port espera crescer 20% nesta época do ano. O mix de produtos e novidades no setor de papelaria foi reforçado para atender às necessidades e gostos dos clientes. A empresa investiu também em publicidade para jornal impresso, emissoras de televisão, backbus e rádio.
A supervisora de varejo da Port, Ana Lícia Pires, compara este período como o "Natal da empresa". "Nosso mix de produtos é bem extenso, temos novidades, os que já caíram no gosto do consumidor, além das mochilas e artigos diversos com temas de personagens. a época mais agressiva para a gente", salienta.
Segundo a supervisora, a partir deste mês alguns pais se antecipam, mas ela sente um incremento mais significativo as vendas na segunda quinzena do mês e em fevereiro e março. "Entre os produtos mais procurados, aqueles que compõem os itens da lista escolar, como cadernos e a linha de escrita. Por outro lado, a mochila é o maior desejo da criança", frisa.
Ana Lícia Pires ainda menciona a parte tecnológica, que tem gerado uma modificação no comportamento da compra. "Estamos preparados para atender a essa necessidade também, vendemos bastante pen drives, por exemplo, já que algumas instituições já adotam esses aparelhos no cotidano escolar, além de despertarem o interesse dos próprios alunos."
Estoque - O diretor de Marketing da Leitura, Gervásio Teles, afirma que a empresa se preparou bem para este momento, realizando as compras antecipadamente para reforçar o estoque. "Temos uma expectativa de crescimento de 15%. Normalmente, efetuamos as compras em maio e, até agosto, todo o material já está na loja. Com isso nós conseguimos boas ofertas, então estamos acreditando em um retorno positivo disso neste período", reforça.
Já o sócio-diretor da Leitura, Marcus Teles, confirma as boas expectativas sobre o período de volta às aulas. "Janeiro é o mês de maior volume de venda. Esperamos crescer no mínimo 15% na coparação com o mesmo período do ano passado. A Leitura também está aumentando o número de lojas e o espaço voltado para as alas infantil e teen. A área que chamamos de geek, com quadrinhos e games, voltados para adolescentes e jovens adultos também está crescendo muito", ressalta.
Teles destaca a inclusão de novos produtos, com a entrada em jogos pedagógicos e jogos em geral, além dos eletrônicos. Para o sócio-diretor, todos esses fatores devem ajudar a aumentar ainda mais as vendas no primeiro mês do ano.
Com 35 unidades presentes nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Maranhão e Bahia, a previsão da rede Leitura é de inaugurar mais seis lojas neste ano.
Setor deve ter crescimento entre 5% e 10%
O presidente da Câmara Setorial de Livrarias e Papelarias da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Adriano Boscatte, calcula que o setor deve apresentar um crescimento entre 5% e 10% em relação às vendas de materiais escolares e livros, na comparação com o ano passado. Boscatte comenta que o lojista espera "ansiosamente" por este período, já que algumas papelarias sobrevivem graças ao movimento registrado nesta época.
Ele chama a atenção, contudo, para a alta dos preços puxados pela commodity internacional e pelo papel - o caderno e papel A4, por exemplo, estão entre 10% e 20% mais caros. Boscatte ainda lembra sobre a alta nos preços dos livros, em torno de 10%. O fator que vai gerar um benefício aos consumidores e deve ser sentido nos meses seguintes do ano foi a redução, por parte do governo estadual, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) dos cadernos escolares de 18% para 12%. Essa medida deve ser sentida nos próximos meses já que o estoque das papelarias já foi providenciado.
Boscatte também é proprietário da Mixpel Floresta, localizada no bairro Floresta, região Leste, e afirma sobre o estoque da papelaria, formado imediatamente após a volta às aulas do ano anterior. Ele revela que a loja teve um incremento de 20% no quadro de funcionários para atender à demanda deste período, com a contratação de mais cinco pessoas.
O proprietário informa que o valor do tíquete médio, dependendo das aquisições feitas pelos consumidores, varia de R$ 200 (apenas material de escrita) a R$ 1 mil (uma lista completa, incluindo os livros). O proprietário da Mixpel Floresta, que tem convênio com 12 escolas da região, garante lançar mão de algumas ofertas para atrair ainda mais seus clientes. "Oferecemos a lista escolar completa para nossos consumidores. Desde penas coloridas e itens de farmácia - que não vendemos durante o ano, mas procuramos atender aos clientes - até os cadernos, canetinhas e livros didáticos, contemplamos todos os itens solicitados pelas escolas," garante. A papelaria trabalha com mais de 23 mil itens.
Concorrência - O presidente da Câmara Setorial de Livrarias e Papelarias da CDL-BH salienta que o segmento sofre forte concorrência com estabelecimentos de outros setores que também vendem mochilas e cadernos, como supermercados, magazines e lojas de calçados. " um grande gargalo, já que o supermercado compra em grande escala. Assim, eles conseguem repassar para o consumidor cadernos, que são top de vendas, praticamente a preço de custo, ganhando em outros produtos; e, desta forma, ‘matam’ o nosso segmento", afirma.
Para Boscatte é necessário realizar uma campanha para mobilizar o setor. "Eu vendo material escolar o ano inteiro, mas quando chega esta época de volta às aulas, os clientes compram em supermercados, em drogarias; precisamos mobilizar e fortalecer nosso setor."
Veículo: Diário do Comércio - MG