Solo da cidade impacta na boa qualidade da fruta e água favorece a irrigação
Cidade do Sudoeste mineiro começou a investir na cultura há 20 anos e hoje vende mais de 25 mil toneladas da fruta .
Duas décadas após o plantio dos primeiros bananais, a banana prata anã se consolida como o principal produto da agricultura do município de Delfinópolis, no Sudoeste mineiro. Com uma área total de 1.043 hectares da cultura e uma produção anual estimada em mais de 25 mil toneladas da fruta, a bananicultura deverá render R$ 19,36 milhões neste ano aos produtores, considerando os 960 hectares em produção. A previsão é de fonte técnica da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) que ainda informa dos 83 hectares de área em formação (recém plantada) da cultura, em Delfinópolis. A empresa pública mineira, que mantém escritório no município, presta assistência técnica e elabora projetos de financiamento, nas modalidades custeio e investimento, para os produtores locais.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater-MG local, Sávio Marinho, a atividade de bananicultura surgiu a partir da demanda de um pequeno grupo de cafeicultores do município que, em 1993, buscou a ajuda da empresa para investir em outra alternativa de renda. "Naquele ano, a cafeicultura passava por uma grave crise em função dos baixos preços do café no mercado. Então sugerimos a bananicultura e formamos um grupo que englobou produtores de outras culturas, iniciando o plantio da banana em 20 hectares", relembra Marinho. Além de extensionista, Sávio também é agricultor e investe na atividade, produzindo 300 toneladas de banana por ano, em uma área de dez hectares, situada no município.
Mão de obra - Satifeito com os resultados da atividade, Sávio aponta alguns motivos responsáveis pelo sucesso da empreitada nestes 20 anos: persistência dos que não desistiram do difícil começo; localização privilegiada do município que fica perto dos grandes centros comerciais do país; solo que impacta na boa qualidade da fruta, e água que favorece a irrigação das plantações. "Tivemos perseverança e teimosia, pois no início não havia incentivo de qualquer tipo, nem mesmo dos bancos que só passaram a financiar o plantio, após os dez primeiros anos da atividade. Também estamos localizados na divisa de Minas com o Estado de São Paulo", enumera, acrescentando que a banana de Delfinópolis é comercializada em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e cidades do Triângulo Mineiro. O maior problema no entanto, é a mão de obra necessária para as etapas de produção, segundo Sávio. "Esse é um desafio da atividade. A população do município é pequena, então temos de trazer gente de fora para trabalhar", admite. Segundo o produtor, todos os dias, dois ônibus trazem trabalhadores do município de Cássia para trabalhar nas lavouras.
Mas mesmo com as dificuldades geradas pela escassa mão de obra, os bananicultores de Delfinópolis têm outros motivos para se orgullharem dos resultados favoráveis da atividade. Um deles é o processo de pós colheita da fruta, que está bem avançado no município. Segundo Sávio, "os cachos são transportados para os galpões de embalagens em carretas adaptadas em cabos aéreos (semelhante a um bonde). Em seguida, os cachos são despencados para a lavagem e as pencas são embaladas em caixas que serão transportadas por caminhões para as Ceasas", relata. Ainda conforme o agrônomo da Emater-MG, uma das vantagens da cultura é a produção durante todo o ano. "Temos bananas todas as semanas, embora a quantidade varie, pois as maiores produções ocorrem no segundo semestre do ano", ressalva.
Dados de dezembro, referentes à safra agrícola registrada pela Emater-MG, apontam que Minas Gerais produziu, no ano passado, 22.663 toneladas de banana prata. O mesmo levantamento mostra ainda, que existem 17.179 hectares da cultura de área em produção e outros 2.183 hectares de área em formação. A produtividade da fruta é de 13,83 quilos por hectare, conforme o mesmo levantamento. Os cincos maiores produtores desta variedade no Estado são na ordem os municípios de: Matias Cardoso (1º); Brasópólis (2º), Delfinópolis (3º); Pirapora (4º) e Jequitinhonha (5º). Sávio Marinho destaca o potencial social da atividade que, se comparada às lavouras de milho e soja, gera mais emprego. "Como na bananicultura tudo é manual (coleta, limpeza, embalagem, etc), a atividade gera um emprego fixo a cada três hectares, enquanto as lavouras de milho e soja, por serem mais mecanizadas, geram um emprego a cada 150 a 200 hectares", explica.
Veículo: Diário do Comércio - MG