Apesar das lojas de shopping centers, que esperam obter crescimento entre 6% e 9% nas vendas em comparação ao período de Dia das Mães do ano passado, as unidades contarão com um estoque menor do que o de 2012. A compra acima do previsto pelos varejistas nas festas de fim de ano resultou em um número maior de liquidações, levando a diminuição do acúmulo de mercadorias pelos lojistas para este feriado.
Segundo o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luis Augusto Ildefonso, os gastos excessivos com compras no Natal é o principal motivo para a redução do estoque. "Os lojistas em dezembro fizeram uma previsão um pouco maior do que o Natal consumiu. Isso forçou liquidações maiores em 2013 do que em 2012. Com essa informação, nas compras para o Dia das Mães, os varejistas foram mais recatados", declarou ele, ao DCI.
O executivo ainda argumenta que o consumidor está menos propenso a gastar. "Hoje o brasileiro está mais cauteloso para comprar, até porque já comprou muita coisa anteriormente, principalmente a camada emergente que comprou muito para se aparelhar. Hoje se observa mais a troca de aparelhos, por exemplo." Mesmo assim, a expectativa da Alshop é de que as vendas cresçam 6% em relação ao Dia das Mães do ano passado, principalmente por causa da expansão de crédito e do aumento da renda média no Brasil.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) revela que as vendas do setor no Dia das Mães devem ser elevadas em 9% quando comparadas com 2012. Para a superintendente da Abrasce, Adriana Colloca, as projeções positivas para o segmento devem se confirmar não só pela venda de produtos, conforme a executiva afirmou em nota. "Reconhecidamente importante para o varejo, a data movimenta não só o mercado de presentes, mas os vários serviços dos malls, como áreas de lazer, refeição, e outras conveniências à disposição dos frequentadores".
O e-commerce também espera um crescimento acentuado devido ao Dia das Mães. Segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Solange Oliveira, o feriado deve movimentar cerca de R$ 1,3 bilhão. "Nós esperamos, e estamos muito seguros desse número, que o crescimento será de pelo menos 23% em relação ao ano passado. Mas segundo algumas análises de clientes, estou confiante de que podemos chegar a 24 ou 25%."
A ABComm considera que as vendas para o Dia das Mães estão compreendidas entre os dias 24 de abril e 10 de maio. Para Solange Oliveira, muitos consumidores deixam de comprar no período mais próximo da data, devido ao receio dos produtos não serem entregues. Mas isso parece estar mudando. "No final de 2012 e começo de 2013, os níveis de satisfação dos clientes medidos em relatórios se mostraram muito altos. Acredito que os consumidores já estão perdendo um pouco o medo de comprar online."
Expectativas
Se analisarmos o desempenho do varejo em geral, o Dia das Mães de 2013 deve representar um aumento de ao menos 4% nas vendas de todos os segmentos no comércio, uma variação maior do que a registrada no ano anterior, quando o setor teve crescimento de 3,5%. A perspectiva é de especialistas do setor, consultados pelo DCI. Após as compras de Natal, no fim do ano, o feriado de maio é a data comercial que gera maior movimento no varejo da capital paulista.
Para a assessora econômica Fernanda Della Rosa, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), o aumento na atividade comercial está estimado entre 3% e 4%. "Nos baseamos no índice registrado em 2012. Além disso, o nível de endividamento do consumidor ficou em 52% em março, o que é razoável, então ainda há espaço para consumo", afirma Fernanda.
Já a expectativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), dada pelo economista Emílio Alfieri, chega até 5%. "Para a construção de nossa estimativa utilizamos o último dado do comércio mensal. No caso, em abril, o setor marcou avanço de 9,1% no crediário e 3,3% na venda à vista, números que nos dão base para acreditar que o Dia das Mães pode gerar crescimento de até 5% no varejo", explica Alfieri. Para ele, a data deve ser ligeiramente favorável e não há projeção de nenhuma disparada de vendas.
"Tudo leva a crer que os segmentos mais beneficiados sejam vestuário e calçados", enfatiza o economista da ACSP. Este dado se consolida nas pesquisas da associação, que apontam avanço de 14,8 pontos percentuais, na intenção de consumo de roupas e calçados, que devem ser objeto de compra de 52,7% dos consumidores deste ano.
Além disso, uma pesquisa da Fecomercio indica que o paulistano deve gastar, em média, R$ 62 com o presente. No entanto, 72,5% dos compradores afirmam que gastarão mais de R$ 70, enquanto, no ano passado, este número atingia 74%.
Ainda de acordo comesse estudo, 70% das compras serão realizadas à vista, através de cheque, cartão de débito ou dinheiro. Para Alfieri, esta expectativa é válida apenas para as classes A e B, e pode se estender até a C, porém, os consumidores provenientes das D e E devem optar pela compra a prazo, de bens duráveis como eletrodomésticos e celulares.
"A inadimplência se estabilizou e as classes D e E são mais carentes de bens duráveis, eles não têm tanta preferência pelo consumo de roupa e calçados pois não se preocupam muito com tendências de moda, por exemplo", comenta o economista. Segundo Alfieri, estas classes são impulsionadas pela facilidade no crediário.
Fernanda Della Rosa, da Fecomercio, explica que os fatores relevantes no consumo para o Dia das Mães, de um modo geral, são a manutenção de emprego, renda e confiança do consumidor. "Em uma escala que vai até 200, o consumidor paulista está com 160 de confiabilidade no comércio", conclui a assessora econômica.
Veículo: DCI