O protecionismo é o principal entrave à expansão do comércio entre Brasil e Índia --as duas economias são vistas como fechadas pela comunidade internacional.
Além disso, o acordo comercial entre o Mercosul e a Índia, assinado em 2005, é bastante limitado e dificulta o avanço do comércio bilateral, segundo Rodrigo Branco, economista da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).
O governo concorda. "O acordo comercial, como está, não atende às necessidades de dinamização desse comércio. É muito importante ampliá-lo e estamos procurando as autoridades indianas para isso", afirma Daniel Godinho, secretário interino de Comércio Exterior.
A Índia é um dos países campeões na aplicação de medidas protecionistas. Entre 2009 e 2012, iniciou 98 ações antidumping contra importações. O Brasil abriu 88 e a China, 34, segundo dados da OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Não é um mercado potencial óbvio como a América do Sul e os EUA, nos quais você consegue entrar com uma grande variedade de produtos se tiver preço e qualidade. Na Índia, não é só isso", diz Branco, referindo-se às barreiras contra os importados.
Ao mesmo tempo, no entanto, os indianos ampliaram a sua participação nas exportações globais, de 0,6% em 2000 para 1,7% no ano passado. A fatia foi superior à do Brasil, que ficou em 1,3%.
O país também é o 19º maior exportador do mundo --novamente à frente do Brasil, que ocupou a 22ª posição em 2012-- e apresenta o segundo maior deficit comercial do mundo, atrás apenas dos EUA, observa José Augusto de Castro, da AEB.
Para Branco, o primeiro passo para expandir o comércio bilateral deve ser o desenvolvimento de um mercado já desenvolvido entre as duas nações: o de petróleo.
O produto responde por 60% das exportações brasileiras à Índia, que caem 50% até abril devido à menor produção da Petrobras e ao aumento do consumo no Brasil. Só as vendas de petróleo despencaram 70% no período.
Do outro lado, o óleo diesel representa 40% das compras que o país faz da Índia.
"As refinarias indianas têm boa produtividade com o óleo brasileiro, mais difícil de ser processado. É um mercado que deveria ter mais atenção da Petrobras", diz Branco.
Veículo: Folha de S.Paulo