Pão de Açúcar cria equipe para aquisições

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Com R$ 1,4 bilhão em caixa, grupo quer aproveitar oportunidades que começam a aparecer com crise

 

Com R$ 1,4 bilhão em caixa, o Pão de Açúcar começa o ano com planos de crescer de maneira agressiva. Há dois meses, o grupo varejista montou uma equipe interna de fusões e aquisições, além contratar a consultoria PricewatherhouseCoopers e o banco BBA. O objetivo é aproveitar as oportunidades que surjam em razão da crise.

 

"Ao montar essa estrutura, nos organizamos para fazer aquisições de forma estruturada e menos impetuosas", afirma Claudio Galeazzi, presidente do grupo Pão de Açúcar. "Nas últimas semanas, o diálogo tem sido mais fácil com as empresas e os preços têm ficados mais atraentes."

 

Segundo Galeazzi, o grupo está analisando cerca de 15 oportunidades, sendo que algumas são redes de drogarias e postos de gasolina. Hoje, o grupo fatura R$ 3 milhões ao dia com a venda de combustíveis.

 

"Estamos sendo pró-ativos na busca por oportunidades e queremos negócios que tenham sinergias para gerar tráfego de consumidores nas lojas", diz Galeazzi.

 

Crescimento orgânico

 

Além de crescer por meio de aquisições, o Pão de Açúcar também pretende abrir cem lojas em 2009. A expectativa de investimento é de R$ 1 bilhão, que também serão gastos em tecnologia e logística.

 

"Nosso primeiro objetivo é manter a saúde econômica e financeira da empresa, e todo o plano dependerá do desempenho da economia brasileira", diz Galeazzi.
Apesar de ressaltar que a expansão orgânica será balizada pelo bom senso, Galeazzi diz que há muito boas chances de serem abertas entre 60 e 70 lojas neste ano. A maior parte levará as bandeiras Extra Fácil e Assaí. No ano passado, a rede planejara investir R$ 1,3 bilhão. Cortado para R$ 700 milhões, o valor gasto não chegou a R$ 500 milhões ao fim de 2008.

 

Para este ano, no entanto, os investimentos para a área imobiliária estão garantidos. Estão sendo destinados R$ 160 milhões para a compra de terrenos neste ano, sendo que o banco de terras do grupo dobrou nos últimos 12 meses.
"Com a retração da construção civil, começam a surgir excelentes oportunidades de terrenos", afirma Caio Mattar, vice-presidente do grupo.

 

Hoje, o Pão de Açúcar tem, dentro de suas lojas, outras 3.500 lojas pequenas, cuja área equivale a dois shoppings Morumbi. Segundo Mattar, o grupo espera um momento mais favorável do mercado para começar a explorar mais fortemente a área imobiliária, aproveitando os terrenos onde estão os supermercados.

 

Além das chances de crescimento, Galeazzi diz que as negociações com fornecedores estão sendo beneficiadas com a crise. Segundo ele, há muitos fornecedores estrangeiros altamente estocados. "Com a retração do mercado americano, eles tratam nossa trading de maneira diferente", diz Mattar.
Isso evitará um provável reajuste de preços em razão da alta do dólar. "Quanto mais o tempo passa, mais estocados esses fornecedores ficam", diz Galeazzi. "Numa crise, as empresas concorrem por participação de mercado e usam o atrativo do preço, que tende a permanecer em baixa."

 

De acordo com Eugenio Foganholo, sócio da consultoria Mixxer, esse deverá ser um bom ano para os supermercados, tradicionalmente beneficiados com a queda nas vendas de bens mais caros. "As grandes empresas que estão com caixa têm a possibilidade de se beneficiarem duplamente, uma vez que surgem outras oportunidades", diz Foganholo.

 

O Pão de Açúcar também divulgou ontem suas vendas de dezembro, que subiram 9,3% com relação ao mesmo mês do ano anterior. Pela primeira vez, as vendas de alimentos cresceram mais do que a de não-alimentos, mostrando os sinais da retração no consumo de bens duráveis. No ano, a receita do grupo somou R$ 21 bilhões, alta de 18,2% em relação a 2007.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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