Depois de reduzir fortemente o ritmo de produção no segundo trimestre, a indústria brasileira de embalagens tende a mostrar reação entre julho e setembro e encerrar 2013 com expansão de cerca de 2%, dentro do esperado para o ano, de acordo com o coordenador de análises econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
De abril a junho, a produção nacional de embalagens cresceu 0,56%, na comparação anual, após ter avançado 4,81% no primeiro trimestre, segundo balanço setorial da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV.
De acordo com Quadros, o forte desempenho nos três primeiros meses do ano não era sustentável e a formação de estoques excedentes - diante de produção superior à demanda - acabou determinando o fraco desempenho no intervalo seguinte. "O terceiro trimestre não deve ser negativo, uma vez que houve ajuste nos estoques até junho e eles diminuíram a ponto de entrar em níveis arriscados", disse ao Valor.
Diante desse desempenho, a produção brasileira de embalagens cresceu 2,66% no acumulado dos seis primeiros meses do ano, bem perto da taxa de expansão projetada para o intervalo, de 2,5%. Para o segundo semestre, a FGV espera alta moderada, de 1%, com crescimento mais pronunciado no terceiro trimestre do que nos três últimos meses do ano.
"O período é de grandes incertezas. Não temos um exercício específico para o terceiro trimestre, mas é improvável que exista fôlego para mais de 1,5% [de alta na produção de embalagens]", afirmou Quadros. Recomposição de estoques e "alguma demanda nova" a ser atendida pelo setor de bens não duráveis devem contribuir para a reação da indústria de embalagens no período.
Se esse índice se confirmar para o terceiro trimestre, que é tradicionalmente o mais forte do ano para o setor, a expansão deverá ser bem mais fraca no quarto trimestre, de cerca de 0,5%. "Deve ser um trimestre de refluxo geral na economia", afirmou.
Com isso, a indústria de embalagens pode encerrar 2013 com expansão de cerca de 2% em termos de produção física, dentro da faixa estimada no início do ano, de crescimento de 1% (no pior cenário) a 2%. Já as receitas das fabricantes do setor poderão alcançar R$ 50,4 bilhões neste ano, com expansão de 7,9% ante R$ 46,7 bilhões em 2012.
"É raro chegar a essa época do ano e não fazer alguma revisão de cenário", comentou Quadros. "Mas estamos dentro do projetado e considerando-se o quadro atual, de incerteza disseminada, setores em queda e perda de confiança em todas as frentes, crescer 2% não é brilhante, mas também não é ruim."
Na Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), a expectativa é a de alta de 3,5% nas expedições desse tipo de papel em 2013 - no acumulado do primeiro semestre, a expansão ficou em 3,85%. Para a segunda metade do ano, a expectativa é de que o setor "ande bem", na avaliação de Pericles Druck, presidente da Celulose Irani, fabricante de papel para embalagens e embalagens de papelão ondulado do grupo Habitasul.
De janeiro a junho, a maior queda na produção física foi registrada no segmento de embalagens de madeira, com baixa de 20,56% frente ao verificado um ano antes. Em seguida, as embalagens de papel, papelão e cartão mostraram retração de 1,34%, na mesma base de comparação. Os demais segmentos - embalagens de plástico, vidro e metal - tiveram desempenho positivo no semestre, com altas de 1,99%, 13,81% e 7,5%, respectivamente.
O único fator novo em relação às projeções do início do ano, segundo Quadros, é a desvalorização cambial, que poderá beneficiar mais à frente a indústria de embalagens, ao favorecer as exportações do setor e ampliar a demanda por embalagens para produtos que serão exportados. "Talvez esse impacto venha no quarto trimestre e compense a possível desaceleração do mercado doméstico", ponderou.
Veículo: Valor Econômico