A China caminha para a autossuficiência na produção de suco de laranja, o que deve limitar o crescimento das exportações do Brasil, hoje o principal fornecedor do produto para os chineses.
De 2003 a 2012, a produção de suco concentrado na China --quarto principal cliente do Brasil-- aumentou de 1.800 toneladas para 45 mil toneladas, segundo estudo da consultoria Markerstrat.
No início dos anos 2000, quase a totalidade do suco consumido na China era importado de outros países. Hoje, o suco advindo do exterior representa 56% da demanda.
Esse rápido avanço é só o começo. Em 2015, a capacidade anual de processamento de laranja nos 13 maiores produtores chineses pode atingir 2,3 milhões de toneladas (na medida SSE), segundo estudo da Universidade da Flórida.
Matéria-prima não falta. Na safra 2010/11, a China produziu 5,9 milhões de toneladas da fruta, das quais apenas 3% foram direcionadas ao processamento.
Mudanças nos hábitos de consumo, no entanto, podem alterar esse modelo de negócios. Em vez de fazer o suco em casa, o chinês deve aumentar a procura pela bebida já pronta.
Com a indústria local se preparando para os novos tempos de consumo, as empresas brasileiras avaliam com cautela os investimentos no mercado chinês, que, para outras commodities, é mais do que estratégico.
"A China poderia ser um grande cliente do Brasil, mas caminha para a autossuficiência", afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, associação dos exportadores.
Ele faz, porém, uma ressalva: "Eles chegarão à autossuficiência para os padrões de consumo atuais. Poderemos ter mercado se houver demanda adicional."
Veículo: Folha de S. Paulo